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CLÓVIS ROSSI
Nossa morte anunciada
SÃO PAULO - Os laboratórios de
idiotia instalados em algum rincão
do Palácio do Planalto acabam de
produzir a mais recente tolice: um
anteprojeto de "democratização"
dos meios de comunicação.
Nem vou comentar o espírito da
coisa, que é o de fabricar uma imprensa "complacente", nos termos
expostos dias atrás pelo presidente
da República.
O problema principal é de outra
natureza: revela desinformação colossal do jornalismo "chapa-branca" que gravita em torno do lulo-petismo e dos "comunicólogos" a serviço do governo. A democratização
da informação, verdadeira, já se
deu, via internet.
Hoje, há uma miríade de fontes
de informação e análise à disposição de quem tenha acesso à rede
mundial de computação, que, não
demora, será tão ou mais universal
que a TV, até no Brasil.
A mídia impressa, que é o que
verdadeiramente incomoda governos, não precisa ser "democratizada", porque é espécie em via de extinção, conforme matéria de capa
do número mais recente da revista
britânica "The Economist" ("Quem
matou o jornal?").
Tem até data para acabar, segundo um certo Philip Meyer: o ano de
2043. Fico feliz, porque é o ano em
que eu completaria 100 anos. Morrerei antes do jornal, portanto.
O problema dos meios de comunicação é saber se são um bem público que interessa preservar e, em
caso positivo, como fazê-lo (sem
subsídios governamentais, ao contrário do que prevê a mais recente
estupidez palaciana).
A "Economist" reproduz frase de
Arthur Miller, segundo quem "um
bom jornal é a uma nação falando a
si mesma".
Se é isso mesmo -e aqui há vasto
espaço para polêmica-, vale conservar os bons jornais ou, então, dar
um jeito para que o jornalismo eletrônico exerça idêntico papel.
Essa é a verdadeira tarefa para os
democratas.
crossi@uol.com.br
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