|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Mudar e não mudar
A ELEIÇÃO parlamentar de
amanhã no Japão, segunda maior economia do
mundo, deve marcar o primeiro
movimento real de alternância
no poder no país em 54 anos. O
PLD (Partido Liberal Democrata), formado no início dos anos
50 por grupos conservadores, vê
sua hegemonia ameaçada pelo
PDJ (Partido Democrático do
Japão), criado há 11 anos por dissidentes do governismo e pequenas agremiações opositoras, de
vertentes ideológicas variadas.
Nesse meio século, o PLD esteve fora do poder por apenas nove
meses, nos anos 90. Hoje, além
do desgaste de uma agremiação
que não se renovou, a perspectiva de derrota se deve à economia.
Com problemas crônicos há 20
anos, o Japão antevê uma queda
de 6% no PIB em 2009, o pior resultado entre os sete países mais
industrializados.
A crise mundial expôs as fraquezas de um sistema protecionista, dependente de exportações, com uma dívida nacional
altíssima, de 180% do PIB, e população em rápido envelhecimento -em cinco anos, um
quarto dos japoneses terá mais
de 60 anos.
Há dúvidas sobre se o PDJ, caso vitorioso, conseguirá manter-se unido para aplicar um programa que prevê mais gastos públicos, com o aumento de subsídios
agrícolas e a ampliação da rede
de proteção social. Subsistem divergências entre facções internas quanto a reverter privatizações e aumentar limites para a
emissão de gases do efeito estufa.
Seu candidato a premiê, Yukio
Hatoyama, defendeu maior independência em relação aos
EUA, que ocuparam o Japão
após sua derrota na 2ª Guerra e
lá mantêm bases com mais de 50
mil militares. Mas são tênues,
para não dizer nulas, as chances
de erosão numa aliança de defesa
fundamental para a posição
americana no Pacífico.
Texto Anterior: Editoriais: O sorriso do curinga Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: A Receita e a caixa-preta Índice
|