São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Editoriais

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Mudar e não mudar

A ELEIÇÃO parlamentar de amanhã no Japão, segunda maior economia do mundo, deve marcar o primeiro movimento real de alternância no poder no país em 54 anos. O PLD (Partido Liberal Democrata), formado no início dos anos 50 por grupos conservadores, vê sua hegemonia ameaçada pelo PDJ (Partido Democrático do Japão), criado há 11 anos por dissidentes do governismo e pequenas agremiações opositoras, de vertentes ideológicas variadas.
Nesse meio século, o PLD esteve fora do poder por apenas nove meses, nos anos 90. Hoje, além do desgaste de uma agremiação que não se renovou, a perspectiva de derrota se deve à economia. Com problemas crônicos há 20 anos, o Japão antevê uma queda de 6% no PIB em 2009, o pior resultado entre os sete países mais industrializados.
A crise mundial expôs as fraquezas de um sistema protecionista, dependente de exportações, com uma dívida nacional altíssima, de 180% do PIB, e população em rápido envelhecimento -em cinco anos, um quarto dos japoneses terá mais de 60 anos.
Há dúvidas sobre se o PDJ, caso vitorioso, conseguirá manter-se unido para aplicar um programa que prevê mais gastos públicos, com o aumento de subsídios agrícolas e a ampliação da rede de proteção social. Subsistem divergências entre facções internas quanto a reverter privatizações e aumentar limites para a emissão de gases do efeito estufa.
Seu candidato a premiê, Yukio Hatoyama, defendeu maior independência em relação aos EUA, que ocuparam o Japão após sua derrota na 2ª Guerra e lá mantêm bases com mais de 50 mil militares. Mas são tênues, para não dizer nulas, as chances de erosão numa aliança de defesa fundamental para a posição americana no Pacífico.


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