São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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RUY CASTRO

Tudo é business

RIO DE JANEIRO - Crônica aqui publicada ["Errando no analógico", 27/8] pode ter dado a entender que sou inimigo do mundo digital, pelo fato de não frequentar o Twitter, o Orkut, o Flickr, o Tumblr, o Rraurl e outras atrações da blogosfera. Mas não é o caso. Passo o dia on-line, acompanho tudo o que acontece "em tempo real" e, quando tenho alguma dúvida ao escrever, não hesito em apelar para o Google.
Pois ontem mesmo fui ao Google, para recuperar o noticiário sobre dois assuntos recentes e momentosos. Primeiro, o bárbaro caso do homem que matou a facadas cinco membros de uma família -um pai e quatro filhos menores- em João Pessoa, Paraíba, por causa de uma galinha morta e dividida entre as duas famílias. O agressor teria discordado da partilha, dizendo que a ele e seus filhos couberam as partes menos nobres da ave. E partiu para a chacina.
O outro assunto é a história dos pintos encontrados cambaleando num quintal em Volta Redonda (RJ), depois de atacar a bicadas um saco de maconha e comer quase toda a erva. Descobriu-se que o quintal pertencia a um traficante e que os pintos estavam há dias sem água e comida. Imagine a larica.
Quando se vai ao Google, ele nos oferece diversos produtos relacionados ao assunto procurado. É como o site fatura em cima das informações que nos dá de graça. E não quer saber a natureza do assunto.
Assim, junto com a trágica história da família trucidada por causa da galinha, vêm anúncios de embalagens para ovos, de pousadas em Porto de Galinhas e até de tratamento para rugas e pés de galinha. Na matéria sobre os pintos, vêm ofertas de chocadeiras, instruções sobre como plantar maconha em casa e a dica de uma loja em Londres onde se vendem balas, chocolates e pirulitos de maconha.
Tudo é business.


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