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RUY CASTRO
Tudo é business
RIO DE JANEIRO - Crônica aqui
publicada ["Errando no analógico",
27/8] pode ter dado a entender que
sou inimigo do mundo digital, pelo
fato de não frequentar o Twitter, o
Orkut, o Flickr, o Tumblr, o Rraurl e
outras atrações da blogosfera. Mas
não é o caso. Passo o dia on-line,
acompanho tudo o que acontece
"em tempo real" e, quando tenho
alguma dúvida ao escrever, não hesito em apelar para o Google.
Pois ontem mesmo fui ao Google,
para recuperar o noticiário sobre
dois assuntos recentes e momentosos. Primeiro, o bárbaro caso do homem que matou a facadas cinco
membros de uma família -um pai e
quatro filhos menores- em João
Pessoa, Paraíba, por causa de uma
galinha morta e dividida entre as
duas famílias. O agressor teria discordado da partilha, dizendo que a
ele e seus filhos couberam as partes
menos nobres da ave. E partiu para
a chacina.
O outro assunto é a história dos
pintos encontrados cambaleando
num quintal em Volta Redonda
(RJ), depois de atacar a bicadas um
saco de maconha e comer quase toda a erva. Descobriu-se que o quintal pertencia a um traficante e que
os pintos estavam há dias sem água
e comida. Imagine a larica.
Quando se vai ao Google, ele nos
oferece diversos produtos relacionados ao assunto procurado. É como o site fatura em cima das informações que nos dá de graça. E não
quer saber a natureza do assunto.
Assim, junto com a trágica história da família trucidada por causa
da galinha, vêm anúncios de embalagens para ovos, de pousadas em
Porto de Galinhas e até de tratamento para rugas e pés de galinha.
Na matéria sobre os pintos, vêm
ofertas de chocadeiras, instruções
sobre como plantar maconha em
casa e a dica de uma loja em Londres onde se vendem balas, chocolates e pirulitos de maconha.
Tudo é business.
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