São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Por um ponto!

BRASÍLIA - Considerando-se que o eleitorado vai se entender com a urna eletrônica, basta Lula crescer mais um ponto e Ciro cair outro para o PT ganhar no primeiro turno.
Entre Lula e Ciro, estão Serra, que se mantém à tona com água até o pescoço, e Garotinho, que não conseguiu alcançá-lo. Na hipótese de haver segundo turno, o tucano é o único candidato com possibilidade real de chegar lá contra Lula.
O fôlego de Garotinho animou a eleição em alguns momentos, mas parece ter se esgotado nos 15%. A sua grande chance foi a arrancada do Datafolha da semana passada -e ele não aproveitou bem. Parou na hora decisiva, crucial.
A própria eleição parece congelada depois de uma semana fria -ou "de estudos", como diz Mauro Paulino, do Datafolha. Lula ficou quietinho, enquanto os demais se neutralizavam um ao outro. A brincadeira, porém, acabou. É agora ou nunca.
Serra vai se concentrar em Minas, onde estão o segundo eleitorado e o candidato tucano mais forte do país, Aécio Neves. Se alguns pontinhos ainda podem migrar para Serra e para a realização do segundo turno, estão principalmente ali.
O grande evento será o debate da Globo. Lula não pode errar, Serra tem de fazer cálculos milimétricos para, além de não errar, acertar. E, literalmente, ambos precisam combinar com os adversários. Como vão se comportar Ciro, sem chances, e Garotinho, ainda acreditando nas suas?
Serra precisa cuidar de tudo isso. Não pode bater em Lula como antes, mas tem de fazê-lo cair ao menos um pouco. Tem de ficar de olho no tititi PT-Garotinho e temer o ladeira-abaixo de Ciro para não ser vítima do próprio veneno.
Nada disso é fácil. A onda continua pró-Lula, o PT vai investir em Garotinho e, a julgar pelo melancólico lançamento do programa de Ciro, sexta-feira, ele está às moscas. Nem Brizola e Mangabeira apareceram.
A gangorra da reta final, portanto, depende de Serra. Ou ele sobe para o segundo turno com Lula, ou cai no abismo com Ciro e Garotinho.


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