São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Ofensa
"Considero uma ofensa ao Poder Judiciário dizer que FHC poderá ser vítima de juízes ao deixar o cargo de presidente porque não deu o aumento que era pleiteado pela categoria. Tenho convicção de que os nossos magistrados não são tão pequenos a ponto de usarem o seu poder para vingar-se de quem não deixará saudades. Não obstante, deve-se lembrar que existe o princípio do duplo grau de jurisdição, que serve para corrigir decisões injustas. O Poder Judiciário é altivo, e seus membros sabem que o seu poder deriva principalmente da justiça de suas decisões. Quanto a isso, FHC não tem o que temer."
Paulo Ary Dias Ribeiro (Santos, SP)

A verdade por trás do discurso
"Quero parabenizar a Folha pela reportagem "Plano de Maluf contraria lei da educação" (Eleições 2002, pág. Especial 7, 26/9). É muito importante esclarecer a população sobre as verdadeiras intenções que se escondem por trás de discursos de políticos que prometem melhorar a "qualidade" do ensino público. Se quisessem mesmo melhorar essa qualidade, deveriam propor: a construção de mais escolas para diminuir a superlotação das salas de aula; melhores salários para atrair profissionais competentes; formação continuada dos que já estão no quadro do magistério público; conscientização da população para reivindicar o direito de os filhos terem aulas todos os dias -e boas aulas; medidas para garantir a frequência e a permanência dos alunos na escola. Em vez disso, propõem a volta da reprovação e jogam sobre o aluno toda a responsabilidade pela não-aprendizagem."
Zoraide Inês Faustinoni da Silva, professora aposentada (São Paulo, SP)

Comportamento especulativo
"Na edição de 20/9, a Folha publicou, no caderno Eleições 2002, um artigo de Vinicius Torres Freire que recolhe as ameaças de "banqueiros e diretores" de cinco bancos que operam no mercado financeiro brasileiro no caso de uma vitória do candidato petista ("O ataque final dos mercados contra Lula", pág. Especial 8). Nós, da Associação por uma Taxação às Transações Financeiras a Favor dos Cidadãos (Attac), queremos denunciar, como temos feito em muitos países e fóruns internacionais desde 1998, esses atos extorsivos. Tem-se comprovado, em âmbito global, que o comportamento especulativo de operadores financeiros, de qualificadoras de risco e de executivos de grandes corporações pode provocar falências e até crises nacionais -com alto custo econômico e social. Não temos dúvidas de que um bom sistema financeiro nacional -responsável e eficiente- seja necessário para o Brasil crescer, mas esse tipo de ameaça, própria de "malandro de bairro", é um sinal de que há pessoas do mundo das finanças que, longe de pensar no futuro do país, só pensam em continuar obtendo os lucros exagerados, que só alcançam com base na extorsão de economias em desenvolvimento."
Gonzalo Berrón, Attac-SP (São Paulo, SP)

Paladino
"No seu artigo de 25/9, "A fantasia dos inquietos", o jornalista Janio de Freitas deu mais uma aula de jornalismo. Coragem, independência, visão acurada dos fatos e sobretudo respeito à verdade e aos leitores fazem de Janio o melhor jornalista brasileiro da atualidade. Ao explicar a realidade da subida do dólar, Janio foi tão perfeito que conseguiu interromper toda a manipulação que tentava atribuí-la ao processo eleitoral. Janio tem conseguido mitigar um pouco o grande vazio deixado pela morte da Barbosa Lima Sobrinho, sendo o grande paladino da ética e da verdade que devem nortear os órgãos de comunicação."
Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras -Aepet (Rio de Janeiro, RJ)

A estética do protesto
"Esses rapazes e essas moças que tiraram a roupa em protesto contra o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, no centro de Washington, prestaram um certo desserviço. Logo teremos uma imitação por aqui e, como visto recentemente em Brasília, o similar nacional não tem a mesma qualidade. É mais ou menos a diferença entre um filme americano e um nacional. Haja boa vontade para assistir!
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)

Amor ao próximo
"A reportagem "Fila da vida ou da morte?" (Cotidiano, pág. C1, 27/9) mostra o sofrimento de pacientes que esperam anos -às vezes em vão- por um transplante de fígado. Os números elevam-se exponencialmente quando se trata das filas à espera de rim ou de córnea. Quando nossos nobres legisladores atentarão para essa situação e criarão uma lei que obrigue a doação dos órgãos de quem morre? A sociedade deve se conscientizar de que a vida humana é o valor supremo a ser defendido. Alega-se que a doação de órgãos é uma "questão de consciência". Não acredito que seja. É uma questão de saúde pública e de amor ao próximo."
Mário Henrique Ditticio (São Paulo, SP)

Visão
"Interessante, esclarecedora e oportuna a coluna de Elio Gaspari de 26/9 sobre a extraordinária visão de Mário Covas em relação às linhas de metrô, dando preferência às periferias ("Um metrô com aula de política", Brasil, pág. A6). Após a leitura, fiquei imaginando: diante da atual disputa presidencial, com candidatos despreparados e sem consistência, será que alguém duvida que, se Mário Covas fosse candidato, ele levaria a eleição no primeiro turno?"
Josué Luiz Hentz (São João da Boa Vista, SP)



Texto Anterior: Maria Hermínia Tavares de Almeida: A democracia sobreviveu
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.