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A reta de chegada
Estreita-se a margem entre Lula e o bloco de seus concorrentes; detalhes podem decidir se haverá segundo turno
TRÊS PONTOS percentuais,
arrancados aos eleitores
antes indecisos pelos adversários do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, pintam
com cores de suspense os últimos dias da campanha presidencial antes do primeiro turno.
Movimentos sutis na preferência dos brasileiros, dentro da
margem de erro das pesquisas,
podem definir, nos dois dias que
nos separam do domingo, se haverá ou não segundo turno na
disputa pelo Palácio do Planalto.
É difícil avaliar até que ponto a
chamada crise do dossiê contribuiu para o acirramento do quadro. O fato de as intenções de voto em Lula não terem mudado de
patamar ao longo de dez dias em
que o escândalo dominou o noticiário atesta o altíssimo grau de
solidificação nas preferências
pelo petista. É provável, contudo, que os desmandos cometidos
por pessoas da cúpula da campanha à reeleição tenham contribuído para a migração de eleitores indecisos em direção a Geraldo Alckmin (PSDB), que subiu de
31% para 33%, e Heloísa Helena
(PSOL), que foi de 7% para 8%.
No mínimo três e no máximo
sete pontos percentuais agora
separam Lula do conjunto de
seus adversários. É um quadro
que, se for mantido até depois de
amanhã, garantirá ao petista a
recondução ao segundo mandato sem necessidade de uma segunda votação. Vale lembrar, no
entanto, que essa diferença veio
se estreitando continuamente ao
longo do mês de setembro. Era
de 12 pontos percentuais nos
dias 4 e 5; caiu a menos da metade (para cinco pontos percentuais) 22 dias depois.
As simulações de segundo turno entre o candidato petista e o
postulante tucano também vão
se estreitando. Num hipotético
segundo turno, com 52% da preferência, Lula agrega apenas
mais três pontos percentuais em
relação às intenções de voto que
obtém para o primeiro turno.
Nessa mesma comparação, Alckmin avança oito pontos em relação aos 33% obtidos no primeiro
turno. Hoje, 11 pontos separariam os dois candidatos na simulação de segundo turno, contra
15, na pesquisa realizada na sexta-feira passada.
Fatores inusitados e de impacto normalmente negligenciável
podem desta feita ser cruciais
para saber se a eleição presidencial será ou não resolvida já neste
domingo.
Contam-se entre esses elementos a repercussão do debate
presidencial de ontem na televisão, a distribuição irregular do
absenteísmo nas diversas regiões brasileiras, o maior ou menor grau de conhecimento do
número a digitar na urna eletrônica para votar no candidato desejado. Até a definição, pela Justiça Eleitoral, da validade ou não
dos votos conferidos a um candidato cuja postulação está "sub
judice" pode pesar na balança.
Dos candidatos se espera que
orientem seus militantes a colaborar para que a votação transcorra pacificamente -como tem
sido a regra no Brasil desde a redemocratização. E que as urnas
produzam o veredicto final.
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