São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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A reta de chegada

Estreita-se a margem entre Lula e o bloco de seus concorrentes; detalhes podem decidir se haverá segundo turno

TRÊS PONTOS percentuais, arrancados aos eleitores antes indecisos pelos adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pintam com cores de suspense os últimos dias da campanha presidencial antes do primeiro turno. Movimentos sutis na preferência dos brasileiros, dentro da margem de erro das pesquisas, podem definir, nos dois dias que nos separam do domingo, se haverá ou não segundo turno na disputa pelo Palácio do Planalto.
É difícil avaliar até que ponto a chamada crise do dossiê contribuiu para o acirramento do quadro. O fato de as intenções de voto em Lula não terem mudado de patamar ao longo de dez dias em que o escândalo dominou o noticiário atesta o altíssimo grau de solidificação nas preferências pelo petista. É provável, contudo, que os desmandos cometidos por pessoas da cúpula da campanha à reeleição tenham contribuído para a migração de eleitores indecisos em direção a Geraldo Alckmin (PSDB), que subiu de 31% para 33%, e Heloísa Helena (PSOL), que foi de 7% para 8%.
No mínimo três e no máximo sete pontos percentuais agora separam Lula do conjunto de seus adversários. É um quadro que, se for mantido até depois de amanhã, garantirá ao petista a recondução ao segundo mandato sem necessidade de uma segunda votação. Vale lembrar, no entanto, que essa diferença veio se estreitando continuamente ao longo do mês de setembro. Era de 12 pontos percentuais nos dias 4 e 5; caiu a menos da metade (para cinco pontos percentuais) 22 dias depois.
As simulações de segundo turno entre o candidato petista e o postulante tucano também vão se estreitando. Num hipotético segundo turno, com 52% da preferência, Lula agrega apenas mais três pontos percentuais em relação às intenções de voto que obtém para o primeiro turno. Nessa mesma comparação, Alckmin avança oito pontos em relação aos 33% obtidos no primeiro turno. Hoje, 11 pontos separariam os dois candidatos na simulação de segundo turno, contra 15, na pesquisa realizada na sexta-feira passada.
Fatores inusitados e de impacto normalmente negligenciável podem desta feita ser cruciais para saber se a eleição presidencial será ou não resolvida já neste domingo.
Contam-se entre esses elementos a repercussão do debate presidencial de ontem na televisão, a distribuição irregular do absenteísmo nas diversas regiões brasileiras, o maior ou menor grau de conhecimento do número a digitar na urna eletrônica para votar no candidato desejado. Até a definição, pela Justiça Eleitoral, da validade ou não dos votos conferidos a um candidato cuja postulação está "sub judice" pode pesar na balança.
Dos candidatos se espera que orientem seus militantes a colaborar para que a votação transcorra pacificamente -como tem sido a regra no Brasil desde a redemocratização. E que as urnas produzam o veredicto final.


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