São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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CLÓVIS ROSSI

O perfeito mordomo (ou quase)

SÃO PAULO - Se o mordomo é sempre o suspeito em novela policial, Hamilton Lacerda, o coordenador de comunicação defenestrado da campanha de Aloizio Mercadante, é o mordomo perfeito para a "abominável" novela policial do dossiê contra tucanos.
Se for ele mesmo o responsável pelo dinheiro da operação, retira da campanha presidencial a suspeição de ter saído dela a mala preta (de R$ 1,7 milhão).
Perfeito também porque, se afetar alguma campanha, é apenas a de Mercadante, que já não vai nada bem das pernas.
O episódio deixa claro que Mercadante não sabe escolher assessores graduados, o que significa que seria temerário deixar com ele a escolha, por exemplo, de quem terá as chaves dos cofres de São Paulo. Mas é uma constatação sem maiores conseqüências agora, a não ser que as pesquisas estejam todas tremendamente erradas.
Já fazer idêntica constatação a respeito de Lula poderia causar a perda de um pontinho ou outro, tornando menos improvável um segundo turno. O mordomo Lacerda serve também para quebrar a firula verbal de Lula ao negar qualquer responsabilidade, sob a alegação de que sua campanha não teria razão para fazer a operação dossiê porque o presidente-candidato está muito à frente (estava mais ainda ao explodir o novo escândalo petista).
Ao aparecer o mordomo, fica claro que o dossiê não serviria para ajudar Lula, alvejando Alckmin, mas para ajudar Mercadante, ao visar José Serra, claramente o grande alvo de toda a "barbárie".
O problema nesse conveniente mordomo é o fato de que gente da campanha Lula envolveu-se na operação. Por quê? Bárbara Gancia já respondeu, dias atrás: porque a vitória de Mercadante interessa também a Lula.
Pobre país em que nem o perfeito mordomo é de fato perfeito.


crossi@uol.com.br

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