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CLÓVIS ROSSI
O perfeito mordomo (ou quase)
SÃO PAULO - Se o mordomo é
sempre o suspeito em novela policial, Hamilton Lacerda, o coordenador de comunicação defenestrado da campanha de Aloizio Mercadante, é o mordomo perfeito para a
"abominável" novela policial do
dossiê contra tucanos.
Se for ele mesmo o responsável
pelo dinheiro da operação, retira da
campanha presidencial a suspeição
de ter saído dela a mala preta (de R$
1,7 milhão).
Perfeito também porque, se afetar alguma campanha, é apenas a de
Mercadante, que já não vai nada
bem das pernas.
O episódio deixa claro que Mercadante não sabe escolher assessores graduados, o que significa que
seria temerário deixar com ele a escolha, por exemplo, de quem terá as
chaves dos cofres de São Paulo.
Mas é uma constatação sem
maiores conseqüências agora, a não
ser que as pesquisas estejam todas
tremendamente erradas.
Já fazer idêntica constatação a
respeito de Lula poderia causar a
perda de um pontinho ou outro,
tornando menos improvável um segundo turno.
O mordomo Lacerda serve também para quebrar a firula verbal de
Lula ao negar qualquer responsabilidade, sob a alegação de que sua
campanha não teria razão para fazer a operação dossiê porque o presidente-candidato está muito à
frente (estava mais ainda ao explodir o novo escândalo petista).
Ao aparecer o mordomo, fica claro que o dossiê não serviria para
ajudar Lula, alvejando Alckmin,
mas para ajudar Mercadante, ao visar José Serra, claramente o grande
alvo de toda a "barbárie".
O problema nesse conveniente
mordomo é o fato de que gente da
campanha Lula envolveu-se na
operação. Por quê? Bárbara Gancia
já respondeu, dias atrás: porque a
vitória de Mercadante interessa
também a Lula.
Pobre país em que nem o perfeito
mordomo é de fato perfeito.
crossi@uol.com.br
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