São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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MUDANÇA E EQUILÍBRIO

Findo o segundo turno das eleições para presidente da República e para governador de 13 unidades da Federação, há um saldo de equilíbrio na correlação nacional de forças políticas. A "onda" oposicionista de centro-esquerda que se notara no primeiro turno persistiu o suficiente para garantir a Luiz Inácio Lula da Silva mais de 50 milhões de votos. Mas foi bastante atenuada no âmbito estadual.
Das oito disputas que o PT travou ontem, perdeu sete, com destaque para a derrota no Rio Grande do Sul. Por outro lado, os tucanos, apesar de perdedores no plano federal, conseguiram sagrar-se vitoriosos em cinco das seis eleições estaduais que disputaram no domingo, com destaque para a manutenção do governo paulista. Outro fato do pleito de ontem foi a reemergência do PMDB em Estados importantes. Com a vitória de peemedebistas nos três Estados do Sul, o partido reforça o seu peso nacional e pode ser decisivo para dar maioria parlamentar à gestão Lula.
O PSDB, se decidir fazer oposição no plano federal, terá boas condições de reconstruir um caminho que o torne competitivo em 2006. Contando com uma base política forte (incluindo os governos de São Paulo e de Minas) e com alguns nomes que poderiam disputar a Presidência, os tucanos têm boas chances de tornar-se um forte pólo opositor e de convencer parcelas do PFL e do PMDB a seguir pelo mesmo caminho.
Os peemedebistas, por seu turno, terão de decidir entre a sua aptidão histórica por compor governos e a aposta num projeto de mais longo prazo. Vale lembrar que dois dos governadores do PMDB eleitos ontem (Roberto Requião, no Paraná, e Luiz Henrique da Silveira, em Santa Catarina) apoiaram Lula.
É muito cedo para qualquer prognóstico mais conclusivo sobre o balanço de forças políticas a partir de janeiro de 2003. Mas se pode dizer que, neste momento, há dois atores emergentes com capacidade de atrair apoios: o PT, escudado pela força do Executivo federal, e o PSDB, em condições de traçar uma estratégia competitiva de reconquista do Planalto daqui a quatro anos.


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