São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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CENÁRIO ELEITORAL

Pesquisa Datafolha realizada a quatro dias do segundo turno da eleição municipal revelou um acirramento da disputa em São Paulo, embora o candidato José Serra (PSDB) permaneça à frente da prefeita Marta Suplicy (PT), mesmo levando em conta a margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Considerando levantamentos anteriores, é possível identificar uma tendência de queda da diferença entre os dois postulantes. No dia 15 de outubro, 12 pontos separavam Serra de Marta. No dia 21, a distância caiu para dez pontos e, na quarta-feira, chegou a sete.
Em números absolutos, isso significa que, num colégio eleitoral de 7,7 milhões pessoas, a vantagem do candidato tucano é de aproximadamente 540 mil votos. Para suplantar o adversário, a prefeita teria de contar com cerca de 300 mil eleitores a mais. A tarefa é difícil, pois Marta tem índice de rejeição elevado (43% dizem que não votariam nela de jeito nenhum) e precisaria arregimentar votos no conjunto de eleitores que se dizem dispostos a eleger Serra. Não é, porém, impossível que isso possa acontecer.
Há exemplos históricos de mudanças de última hora, como ocorreu em 1988, em São Paulo. Lembrando que as circunstâncias políticas eram bastante distintas e que não se tratava de uma escolha em segundo turno, na ocasião, a petista Luiza Erundina aparecia em pesquisa Datafolha, realizada na véspera da votação, com oito pontos de desvantagem em relação ao candidato Paulo Maluf. Um dia depois, levantamento do mesmo Datafolha, feito na boca-de-urna, já constatava a reviravolta.
É preciso considerar também pelo menos dois outros fatores que podem ter influência sobre o pleito: o debate da noite de hoje promovido pela Rede Globo e as dúvidas que ainda pairam sobre o comportamento dos eleitores paulistanos em relação ao feriado prolongado.
A essa altura, a vantagem de Serra não é desprezível e faz dele o provável vencedor da eleição. As circunstâncias, no entanto, não são propícias a prognósticos definitivos. No domingo, as urnas darão a palavra final.


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