São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Sinal vermelho

SÃO PAULO - Como a vantagem de Serra sobre Marta caiu de dez para sete pontos no Datafolha, só se fala nisso. Em Brasília, foi o assunto do aniversário de Lula, quarta à noite, na casa do vice José Alencar. Em São Paulo, é o tema de cada esquina.
Serra oscilou entre 51% e 52% no segundo turno e é a primeira vez que desce do patamar de 50%. Está com 49%. Marta subiu devagar e sempre: 39%, 40%, 41% e está com 42%.
Sete pontos de diferença significam que o que está em jogo são 3,5% do eleitorado. Não é tanto assim. Independentemente das torcidas, a dúvida geral é se há tempo e condições para uma virada até domingo.
A resposta passa pelo debate de hoje na TV Globo e a disposição do eleitorado tucano de ficar na cidade no feriadão. Serra parece levar vantagem. Ele tem ido bem nos debates, inclusive o do segundo turno. E, como faz frio em São Paulo, o clima está mais para voto do que para praia.
Como não haverá mais programas gratuitos e os jornais vão ter pouca margem para repercussão, o debate é importante em si. A expectativa é de quase 50 pontos de audiência -um mundaréu de gente. Serra e Marta são fortes, inteligentes e arrogantes. Têm garra e estão com gana. No debate de hoje, ambos sabem que as semelhanças são muitas e (desculpe pelo mau jeito) as diferenças é que vão fazer a diferença. Qualquer erro, deslize, trejeito, expressão pode pôr tudo a perder.
Com uma responsabilidade a mais: o que os tucanos se esforçam para dizer que é "natural" e os petistas classificam de "virada" pode ter reflexos além de São Paulo, especialmente na região Sul. O PT estava por um fio em Porto Alegre e Curitiba e reza por um "efeito Marta". É mais psicológico do que qualquer outra coisa, mas isso também pesa, e muito, em eleições.
Serra continua favorito, mas há um sinal vermelho em São Paulo. Para o PT, no bom sentido. Para o PSDB, no velho sentido de alerta.


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