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FERNANDO RODRIGUES
800 prefeituras do PT
BRASÍLIA - Previsões no Brasil são
perigosas. Em política, o risco é total.
Chama a atenção, portanto, o que
tem dito o presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), sobre as eleições de 2004: "Acho
possível que o PT eleja uns 800 prefeitos no ano que vem".
Político formado dentro do petismo, João Paulo comandou o poderoso GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral) do partido em 2000. Naquele
ano, o PT elegeu 187 prefeitos, que
passaram a comandar quase 30 milhões de eleitores no Brasil.
Hoje, no poder federal, o PT atraiu
muitos prefeitos de outras siglas. Há
quem diga que já seriam quase 300.
Uma conta mais modesta aponta 220
prefeitos do PT nas cerca de 5.600 cidades brasileiras -os números são
aproximados, porque não existe uma
fonte capaz de dizer, com precisão,
quais são os partidos políticos de todos os prefeitos do país.
A previsão de João Paulo Cunha, se
se confirmar, representará um aumento de 427,8% no número de prefeitos eleitos em 2004 em comparação
com 2000. É uma enormidade.
Os três partidos cujos proprietários
comandam o Brasil há séculos
-PFL, PMDB e PSDB- elegeram
3.275 prefeitos em 2000. A presença
dessas siglas se deu sobretudo no Brasil profundo, locais chamados de "os
grotões" por Tancredo Neves.
O PT tem se preparado para chegar
lá. Pela primeira vez numa eleição
municipal deverá ter diretórios em
todas as cidades. Mais de 5.000 computadores estão sendo instalados
nessas comunidades. "Em algumas
cidades, o computador do PT será o
único com acesso à internet", festeja
o secretário de finanças nacional do
partido, Delúbio Soares.
É claro que a previsão de João Paulo Cunha pode ir ladeira abaixo se a
economia não crescer o suficiente ou
se estourar algum escândalo feio por
causa da fisiologia no Congresso.
Mas esses são apenas fatores condicionais. O PT vai em marcha batida e
acha que, em 2004, será mais "establishment" do que nunca.
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