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FERNANDO RODRIGUES
Publicidade estatal
BRASÍLIA - O caso da publicidade
estatal federal para a produtora de
TV de um filho do presidente da República reabre um debate nunca
enfrentado pelo governo petista.
A pergunta é: o Planalto considera apropriado a administração federal gastar cerca de R$ 1,5 bilhão
por ano com publicidade e patrocínios? Trata-se de uma deformidade
profunda do capitalismo "à brasileira". Metade dos jornais, rádios e
TVs no país iriam à falência no dia
seguinte se fosse proibido aceitar
propaganda estatal -seja federal,
estadual ou municipal.
Fora do governo, o PT era contra
esse tipo de despesa. Instalado no
Palácio do Planalto, aderiu com
gosto à gastança para lustrar a própria imagem. O dirigente petista
Valter Pomar fez uma confissão involuntária a respeito numa carta à
Folha criticando o jornal (perdão
pelo pleonasmo): "Todas as decisões de governo são, por definição,
decisões políticas. Isso é particularmente válido quando estamos tratando de publicidade de instituições públicas".
No passado, a história era outra.
Em 8 de outubro de 1996, o então
deputado federal Luiz Gushiken
(PT-SP) enviou um ofício ao Planalto. Em tom crítico, escreveu: "A administração federal irá lançar no
fim deste ano uma campanha publicitária cujo objetivo será melhorar
a imagem do presidente". Em seguida, pedia o "valor previsto" e o
"planejamento de mídia [veículos
que receberiam as verbas]".
FHC nunca respondeu. Gushiken virou ministro da propaganda
de Lula e imitou FHC.
Há dez anos, Gushiken estava
certo. Atazanava o governo para saber detalhes dos gastos publicitários estatais. Hoje, quando alguém
tenta fazer o mesmo, logo surgem
petistas em posição de sentido dizendo enxergar a elite tentando um
golpe contra Lula. Tenham dó.
frodriguesbsb@uol.com.br
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