São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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PAINEL DO LEITOR

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Garota na cela
"Se a senhora Ana Júlia Carepa ("Segurança, sim; barbárie, nunca", "Tendências/Debates", 28/11) tivesse sido vítima de abusos numa cadeia lotada, ficaria consolada se o governador ou a governadora do seu Estado explicasse que tudo foi culpa de gestões passadas? Se não ficasse, deveria jogar seu texto no lixo em vez de enviá-lo à Folha.
A governadora foi eleita para governar, recebendo impostos do país inteiro (o que me dá o direito de cobrá-la), e não para arranjar desculpas esfarrapadas. O artigo foi uma bofetada na cara de todos."
LUIZ AUGUSTO MÓDOLO DE PAULA (São Paulo, SP)

"A elite e o povo têm toda razão em culpar o governo do Pará (PT) pelo escândalo do sistema prisional. Foi necessária uma barbárie vir a público para a governadora finalmente tomar conhecimento daquilo que já deveria saber.
Quando se assume um governo, providência elementar é fazer o levantamento da sua situação. Trata-se de medida rápida, conforme admitido, e que já poderia estar concluída se no Pará sexta-feira fosse um dia útil."
MÁRCIO CAMARGO FERREIRA DA SILVA (São Paulo, SP)

"O artigo de ontem da governadora do Pará traz um desvio grave de raciocínio. Ela diz que, "no caso da adolescente, o governo tomou medidas imediatas". Ora, se o delegado que manteve a garota presa não é governo é, ao menos, parte do Estado. E foi o Estado que a submeteu a essa condição grotesca.
Claro que há a responsabilidade dos antecessores, como faz questão de ressaltar a nobilíssima governadora, e a "coragem e a humildade" para reconhecer as "condições negativas" da segurança.
Resta saber o motivo de apenas diante da repercussão do caso se falar em "construir um plano de ação". O que vinha sendo feito até agora?
O mesmo que se fez no estádio da Fonte Nova até o desabamento, isto é, nada?"
RODRIGO GALVÃO DE CASTRO (Jaú, SP)

IDH
"A construção do IDH pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) é um grande avanço para a comparação da qualidade de vida entre países. Mas ainda tem dois defeitos, de muito difícil solução.
1) Não considera a qualidade dos atributos que considera. Por exemplo, mesmo percentual de escolarização no Brasil e na Holanda significam, na verdade, grau de aprendizado muito diferentes.
2) Um mesmo IDH pode significar qualidades de vida muito diferentes entre países, dependendo de como é distribuído.
Calculei a desigualdade de IDH no Brasil. Em 2000, o IDH médio era de 0,757, mas os da faixa do 1% mais pobre tinham IDH de 0,280 (na Nigéria, o IDH médio era de 0,277), enquanto o IDH dos da faixa do 1% mais rico tinham IDH de 1,141 (quando o IDH supera a unidade, significa que os indicadores reais ultrapassam os parâmetros fixados pelo Pnud).
Assim, é preciso relativizar os novos resultados, e não entrar na euforia, proclamando que o Brasil está na elite da qualidade de vida. É mentira."
JOSÉ PASCOAL VAZ, economista, doutor em história econômica (Santos, SP)

"É cruel quando a Folha noticia que a renda per capita de São Paulo só perde para a de Brasília.
A renda de São Paulo é produzida com o trabalho de São Paulo, com o trabalho diuturno dos empreendedores e dos trabalhadores.
Brasília produz aquilo que temos visto diariamente na mídia: escândalos, roubalheira, corrupção, clientelismo -e o pior, com o dinheiro dos impostos produzidos principalmente pelo Sul e pelo Sudeste do país."
NILTON MARIA (São Paulo, SP)

"A ONU inclui o Brasil no grupo de elite da qualidade de vida. Espocam-se champanhes em Brasília, discursos em lágrimas dos políticos: não só Deus, mas Papai Noel também é brasileiro, ao que parece. Mas não é o que vemos nas ruas.
Para ficar num exemplo (deixando de lado a fome crônica no Nordeste profundo, os horrores nas periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro e o sistema carcerário do Pará): observemos Brasília e seu entorno.
Miséria, violência, desemprego, a economia informal emporcalhando a cidade toda, o subemprego, a saúde, a educação em Brasília e em seus satélites. Seria eu míope?"
CLARILTON RIBAS, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis, SC)

Fonte Nova
"Eu e muitos cidadãos baianos estamos indignados com a afirmação do governador Jaques Wagner de que, para "dotar a Bahia de um estádio digno", seja necessário demolir uma das mais importantes obras da arquitetura moderna do Estado, o estádio da Fonte Nova.
Se o estádio, uma das obras-primas do arquiteto Diógenes Rebouças, inaugurado em 1951 e ampliado em 1971, encontra-se em péssimo estado de conservação, isso se deve exclusivamente à falta de manutenção por parte do governo do Estado nas últimas décadas.
E, se a atual gestão não é a única responsável por esta situação, é somente a ela que deve ser creditada a irresponsabilidade de, mesmo consciente das precárias condições do estádio, ter permitido a realização de uma partida com a venda de 60 mil ingressos (lotação máxima do estádio)."
NIVALDO VIEIRA DE ANDRADE JÚNIOR, professor da Faculdade de Arquitetura da UFBA (Salvador, BA)

"A decisão do governo da Bahia de demolir o estádio da Fonte Nova faz lembrar a coluna de ontem de Ruy Castro, que dá conta de uma mulher saudita condenada a 200 chibatadas e seis meses de prisão por ter sido estuprada.
No caso da Fonte Nova, um dos mais importantes marcos da arquitetura moderna em Salvador, condena-se a vítima à morte e esquece-se de quem, por omissão e descaso, a violentou."
JAYME SERVA (São Paulo, SP)

Fumo
"Previsões feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) dão conta de que, neste século, um bilhão de pessoas morrerão em decorrência de doenças relacionadas ao fumo.
Quando os governos terão a coragem de abdicar dos altos impostos pagos pela indústria do tabaco? Fazer "campanhas" contra o fumo significa jogar dinheiro público fora e enriquecer as agências de publicidade (financiadoras de campanhas políticas).
A melhor arma é atacar o bolso, aumentando significativamente o preço do cigarro."
FABIO TAVARES (Rio de Janeiro, RJ)

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