São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Editoriais

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Teias de ciência

Novo programa de redes de pesquisas é positivo pela dimensão inédita, mas deve corrigir falhas do modelo anterior

O MINISTÉRIO de Ciência e Tecnologia acaba de anunciar a criação de 101 novas redes de pesquisa, que receberão R$ 553 milhões para trabalhos em áreas estratégicas. A notícia em si é auspiciosa, já que se trata do maior programa organizado no setor até o momento.
Cada Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) funcionará como uma rede integrada de laboratórios já existentes, coordenada por um pesquisador sênior em uma instituição-sede. Receberá entre R$ 2,1 milhões e R$ 7,2 milhões ao longo de três anos. Dependendo da avaliação, poderá ter uma extensão de verbas de mais dois anos.
Ainda que ocorra uma previsível concentração na região Sudeste -36 só em São Paulo-, a Amazônia foi contemplada com oito projetos. Os temas são abrangentes e incluem áreas de conhecimento como saúde, agronegócio e biotecnologia.
Entre as boas notícias da iniciativa está a ênfase na busca de tecnologias e produtos que tenham aplicações práticas. Segundo as autoridades, também haverá maior controle. A idéia é vincular a manutenção das verbas à produtividade.
Espera-se que os dois objetivos sejam atendidos, pois a nova formatação substitui um modelo que consumiu recursos vultosos. Os INCTs substituirão os Institutos do Milênio, programa similar criado em 2001, que distribuiu quase R$ 200 milhões para 34 grupos de pesquisa. Segundo o próprio ministro do MCT, Sergio Rezende, estes tiveram resultados pouco práticos.
Como o novo desenho foi elaborado pelo governo que já gerenciava o antigo projeto, é de se perguntar se as deficiências do modelo anterior foram devidamente superadas.
Para isso, alguns cuidados são essenciais. Deve ser garantida a constância no fluxo de recursos. A área de ciência e tecnologia é uma das mais atingidas por cortes quando a conjuntura econômica aperta -pois o governo insiste em comprometer recursos vultosos com aumentos de salário para servidores, por exemplo. Ademais, o diálogo entre pesquisadores e empresas deve ser ampliado, o que se choca com alguns hábitos acadêmicos.
O rigor no acompanhamento de metas também é crucial. O desempenho de cada instituto será supervisionado pelo CNPq e por um comitê de coordenação do programa. Cabe a esses órgãos responderem pelo cumprimento dos objetivos traçados. Assegurados tais requisitos, pode-se esperar um avanço.


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