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Teias de ciência
Novo programa de redes de pesquisas é positivo pela dimensão inédita, mas deve corrigir falhas do modelo anterior
O
MINISTÉRIO de Ciência
e Tecnologia acaba de
anunciar a criação de
101 novas redes de pesquisa, que receberão R$ 553 milhões para trabalhos em áreas estratégicas. A notícia em si é auspiciosa, já que se trata do maior
programa organizado no setor
até o momento.
Cada Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia (INCT)
funcionará como uma rede integrada de laboratórios já existentes, coordenada por um pesquisador sênior em uma instituição-sede. Receberá entre R$ 2,1 milhões e R$ 7,2 milhões ao longo
de três anos. Dependendo da
avaliação, poderá ter uma extensão de verbas de mais dois anos.
Ainda que ocorra uma previsível concentração na região Sudeste -36 só em São Paulo-, a
Amazônia foi contemplada com
oito projetos. Os temas são
abrangentes e incluem áreas de
conhecimento como saúde,
agronegócio e biotecnologia.
Entre as boas notícias da iniciativa está a ênfase na busca de
tecnologias e produtos que tenham aplicações práticas. Segundo as autoridades, também
haverá maior controle. A idéia é
vincular a manutenção das verbas à produtividade.
Espera-se que os dois objetivos
sejam atendidos, pois a nova formatação substitui um modelo
que consumiu recursos vultosos.
Os INCTs substituirão os Institutos do Milênio, programa similar criado em 2001, que distribuiu quase R$ 200 milhões para
34 grupos de pesquisa. Segundo
o próprio ministro do MCT, Sergio Rezende, estes tiveram resultados pouco práticos.
Como o novo desenho foi elaborado pelo governo que já gerenciava o antigo projeto, é de se
perguntar se as deficiências do
modelo anterior foram devidamente superadas.
Para isso, alguns cuidados são
essenciais. Deve ser garantida a
constância no fluxo de recursos.
A área de ciência e tecnologia é
uma das mais atingidas por cortes quando a conjuntura econômica aperta -pois o governo insiste em comprometer recursos
vultosos com aumentos de salário para servidores, por exemplo.
Ademais, o diálogo entre pesquisadores e empresas deve ser ampliado, o que se choca com alguns hábitos acadêmicos.
O rigor no acompanhamento
de metas também é crucial. O desempenho de cada instituto será
supervisionado pelo CNPq e por
um comitê de coordenação do
programa. Cabe a esses órgãos
responderem pelo cumprimento
dos objetivos traçados. Assegurados tais requisitos, pode-se esperar um avanço.
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