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EMÍLIO ODEBRECHT
Ser local e ser global
O BRASIL, DURANTE a maior
parte de sua história, foi um
país voltado para si mesmo,
com intercâmbio pequeno com o
mundo exterior em alguns setores
da atividade econômica.
Hoje, temos organizações nacionais se lançando no rumo da expansão global, agregando crescentemente valor às nossas matérias
primas, abrindo filiais ou adquirindo empresas em outros países.
Dentre os aprendizados decorrentes da experiência de uma empresa que se torna transnacional,
um vem da solução do dilema entre
valorizar ou esquecer a nacionalidade quando o presente e o futuro
apontam para o alcance de uma dimensão mundial.
Quando uma empresa estrangeira chega a um país e assume de forma explícita sua origem, está demonstrando o quanto a valoriza.
Isso ajuda a preservar a cultura interna, fator que é cada vez mais importante dentro das organizações.
Mas uma empresa também pode
preferir ser tida como local e não
revelar, por opção ou por temer
possível discriminação, sua condição de estrangeira, o que considero
um equívoco.
O grande desafio será sempre lidar com as realidades diversas que
a atuação internacional impõe. O
avanço da tecnologia da informação que cria um mundo onde as
fronteiras físicas quase desaparecem pode levar à ideia de que tudo
já foi desvendado. Não é verdade.
O entendimento -e o comportamento que dele decorre- de valores, hábitos e especificidades étnicas, históricas, políticas e religiosas
são fundamentais para a superação
da desconfiança natural que marca
o primeiro convívio entre nativos e
estrangeiros e para a construção da
confiança, premissa básica de qualquer nova relação.
A compreensão do universo cultural no qual irá se mover orientará
a empresa que chega a um novo
país na construção das mensagens
destinadas aos grupos com os quais
deverá interagir.
Assim, poderá influenciar o processo de aceitação e
legitimar sua presença, tendo como diretriz associar seu crescimento como o do país anfitrião,
servindo-o e contribuindo com o
seu desenvolvimento, cabendo aos
seus líderes e respectivas equipes
pensar globalmente e agir localmente.
Nesse sentido, a comunicação e o
relacionamento precisam ir além
das necessidades da comunidade
que a empresa quer atender com
seus produtos e serviços, porque
haverá sempre alguém pronto para
suprir qualquer necessidade em
qualquer parte do mundo.
O propósito da empresa deve ser,
sempre, tornar-se parte das comunidades que a recebem. As que alcançam este objetivo, conseguem
ser globais e ser locais ao mesmo
tempo.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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