São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMÍLIO ODEBRECHT

Ser local e ser global

O BRASIL, DURANTE a maior parte de sua história, foi um país voltado para si mesmo, com intercâmbio pequeno com o mundo exterior em alguns setores da atividade econômica.
Hoje, temos organizações nacionais se lançando no rumo da expansão global, agregando crescentemente valor às nossas matérias primas, abrindo filiais ou adquirindo empresas em outros países. Dentre os aprendizados decorrentes da experiência de uma empresa que se torna transnacional, um vem da solução do dilema entre valorizar ou esquecer a nacionalidade quando o presente e o futuro apontam para o alcance de uma dimensão mundial. Quando uma empresa estrangeira chega a um país e assume de forma explícita sua origem, está demonstrando o quanto a valoriza.
Isso ajuda a preservar a cultura interna, fator que é cada vez mais importante dentro das organizações. Mas uma empresa também pode preferir ser tida como local e não revelar, por opção ou por temer possível discriminação, sua condição de estrangeira, o que considero um equívoco.
O grande desafio será sempre lidar com as realidades diversas que a atuação internacional impõe. O avanço da tecnologia da informação que cria um mundo onde as fronteiras físicas quase desaparecem pode levar à ideia de que tudo já foi desvendado. Não é verdade.
O entendimento -e o comportamento que dele decorre- de valores, hábitos e especificidades étnicas, históricas, políticas e religiosas são fundamentais para a superação da desconfiança natural que marca o primeiro convívio entre nativos e estrangeiros e para a construção da confiança, premissa básica de qualquer nova relação.
A compreensão do universo cultural no qual irá se mover orientará a empresa que chega a um novo país na construção das mensagens destinadas aos grupos com os quais deverá interagir.
Assim, poderá influenciar o processo de aceitação e legitimar sua presença, tendo como diretriz associar seu crescimento como o do país anfitrião, servindo-o e contribuindo com o seu desenvolvimento, cabendo aos seus líderes e respectivas equipes pensar globalmente e agir localmente.
Nesse sentido, a comunicação e o relacionamento precisam ir além das necessidades da comunidade que a empresa quer atender com seus produtos e serviços, porque haverá sempre alguém pronto para suprir qualquer necessidade em qualquer parte do mundo.
O propósito da empresa deve ser, sempre, tornar-se parte das comunidades que a recebem. As que alcançam este objetivo, conseguem ser globais e ser locais ao mesmo tempo.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.



Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Serennus Samodecus
Próximo Texto: Frases

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.