São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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RICARDO YOUNG

O Brasil e a sustentabilidade

Foi divulgada nesta semana a pesquisa "Sustentabilidade Aqui e Agora", feita pelo Ministério do Meio Ambiente e por grande rede de supermercados, em 11 capitais, para verificar se o consumidor está aceitando largar a sacola plástica. Também serviu para retratar hábitos, comportamentos e percepções do brasileiro em relação à sustentabilidade.
Os resultados mostram, em primeiro lugar, que o consumidor é favorável à substituição da sacola plástica.
Este dado se insere num cenário maior que emerge desse estudo, no qual fica evidente que, se a consciência sobre a importância do tema espalhou-se pela sociedade, ela ainda não está promovendo mudanças de comportamento efetivas.
O cidadão ainda não sabe como juntar essa consciência com ações concretas para transformar seu modo de vida.
Nas grandes cidades, onde hoje moram 75% dos brasileiros, é baixa a percepção sobre meio ambiente. Saúde, segurança e saneamento estão entre as maiores prioridades, mas nenhuma resposta ligou esses assuntos ao desenvolvimento sustentável.
No entanto, a pesquisa mostrou hábitos em movimentação: 45% não jogam produtos tóxicos no lixo comum; 41% consertam produto quebrado para prolongar a vida útil; e 31% deixam de comprar algum produto por informações contidas no rótulo.
Três dados importantes também emergiram: 59% das pessoas que participaram da pesquisa acreditam que a preservação dos recursos naturais deve estar acima das questões da economia. E também para 59% só grandes transformações em consumo, transporte e alimentação podem realmente ajudar a manter o equilíbrio futuro.
Ainda, 63% acreditam que é a escola a instituição capaz de promover essas mudanças de forma profunda e duradoura.
Quanto a crenças e valores, o Brasil dessa pesquisa é uma sociedade com esperança no futuro, pela fé na capacidade humana de superar obstáculos. Por isso, sempre aposta numa vida melhor.
São resultados animadores porque demonstram a disposição do país em adotar outra maneira de produzir e consumir. Falta, justamente, o projeto de mudança. Ele precisa ser articulado com urgência.
Não nos gabinetes oficiais ou por meio de gurus contratados. Mas pela mobilização dessa mesma sociedade que busca ações exemplares.
Empresas, governos e entidades sociais precisam se mexer, criar marcos regulatórios, casos concretos, referências.
O país justo e sustentável que queremos avança.


RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.


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