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MALUFISMO ENRAIZADO EM SP
O quadro revelado pela mais recente pesquisa Datafolha para o governo
do Estado de São Paulo, publicada
hoje por esta Folha, confirma o amplo favoritismo do ex-prefeito Paulo
Maluf (PPB). Nos cinco diferentes cenários investigados, Maluf aparece
na dianteira, oscilando entre um mínimo de 33% e um máximo de 39%
das intenções de voto. Não chega a
ser ameaçado pelo segundo colocado, Francisco Rossi (PDT), que atinge um teto de 24% das preferências.
A situação do PSDB permanece nebulosa. Apenas com o nome de Mário Covas o partido obtém a terceira
colocação. O governador atinge 15%
das intenções de voto, apesar de sua
candidatura à reeleição ser ainda
uma incógnita. As demais opções do
PSDB são todas desanimadoras. O
senador José Serra aparece com 6% e
os ministros Paulo Renato e Sérgio
Motta não passam do simbólico 1%.
Mas o favoritismo de Maluf vai além
da sua liderança em termos absolutos. Os dados discriminados da pesquisa mostram que o ex-prefeito tem
mais votos que os adversários em todos os estratos sociais. Sua votação
hoje é bastante homogênea, variando
muito pouco entre os mais e os menos escolarizados ou entre os mais
pobres e os mais ricos. É um forte
indício do enraizamento da candidatura de Maluf em São Paulo, apesar
do inegável fiasco da administração
de Celso Pitta em 1997.
Em setembro, data da sondagem
anterior do Datafolha, Maluf aparecia com praticamente a mesma votação que teria hoje -oscilava então
entre 32% e 38%. É verdade que a
campanha ainda não começou.
Quando chegar a sua hora, fatalmente os adversários do malufismo irão
explorar a forma irresponsável com
que o ex-prefeito endividou a prefeitura e comprometeu a gestão da cidade para eleger o seu sucessor.
Se isso é verdade, por outro lado
Maluf deve se beneficiar da ajuda que
Fernando Henrique Cardoso acaba
de dar a Pitta. Com o empréstimo já
confirmado de R$ 325 milhões do
Banco do Brasil -além de outros
que estão sendo articulados-, o prefeito poderá retomar alguns investimentos e reforçar a imagem obreira
que está associada ao malufismo.
FHC parece mais preocupado em
preservar a qualquer preço a aliança
política que lhe facilitará a reeleição
do que em viabilizar uma candidatura do PSDB em São Paulo capaz de
fazer frente a Maluf.
Num cenário de poucas novidades,
a principal fica por conta da eventual
candidatura de Marta Suplicy, que
chega a ter 11% das preferências e
surge como alternativa capaz de tirar
o PT do ostracismo em São Paulo. Ela
e Orestes Quércia (PMDB) aparecem
praticamente empatados, mas Marta
Suplicy, ao contrário do ex-governador, tem mais votos entre os eleitores
mais ricos e escolarizados, o que sugere que sua candidatura tem mais
potencial para crescer.
Ainda é muito cedo para avaliações
conclusivas, mas hoje, como há três
meses, o Datafolha prevê um segundo turno entre Maluf e Rossi. Conhecendo-se a biografia dos dois candidatos e a vocação de ambos para os
arranjos políticos de conveniência,
não é difícil arriscar qual seria o desfecho dessa eleição. Apesar dos pesares, o malufismo opera com ampla
folga no Estado de São Paulo.
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