São Paulo, segunda, 29 de dezembro de 1997.



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MALUFISMO ENRAIZADO EM SP

O quadro revelado pela mais recente pesquisa Datafolha para o governo do Estado de São Paulo, publicada hoje por esta Folha, confirma o amplo favoritismo do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). Nos cinco diferentes cenários investigados, Maluf aparece na dianteira, oscilando entre um mínimo de 33% e um máximo de 39% das intenções de voto. Não chega a ser ameaçado pelo segundo colocado, Francisco Rossi (PDT), que atinge um teto de 24% das preferências.
A situação do PSDB permanece nebulosa. Apenas com o nome de Mário Covas o partido obtém a terceira colocação. O governador atinge 15% das intenções de voto, apesar de sua candidatura à reeleição ser ainda uma incógnita. As demais opções do PSDB são todas desanimadoras. O senador José Serra aparece com 6% e os ministros Paulo Renato e Sérgio Motta não passam do simbólico 1%.
Mas o favoritismo de Maluf vai além da sua liderança em termos absolutos. Os dados discriminados da pesquisa mostram que o ex-prefeito tem mais votos que os adversários em todos os estratos sociais. Sua votação hoje é bastante homogênea, variando muito pouco entre os mais e os menos escolarizados ou entre os mais pobres e os mais ricos. É um forte indício do enraizamento da candidatura de Maluf em São Paulo, apesar do inegável fiasco da administração de Celso Pitta em 1997.
Em setembro, data da sondagem anterior do Datafolha, Maluf aparecia com praticamente a mesma votação que teria hoje -oscilava então entre 32% e 38%. É verdade que a campanha ainda não começou. Quando chegar a sua hora, fatalmente os adversários do malufismo irão explorar a forma irresponsável com que o ex-prefeito endividou a prefeitura e comprometeu a gestão da cidade para eleger o seu sucessor.
Se isso é verdade, por outro lado Maluf deve se beneficiar da ajuda que Fernando Henrique Cardoso acaba de dar a Pitta. Com o empréstimo já confirmado de R$ 325 milhões do Banco do Brasil -além de outros que estão sendo articulados-, o prefeito poderá retomar alguns investimentos e reforçar a imagem obreira que está associada ao malufismo.
FHC parece mais preocupado em preservar a qualquer preço a aliança política que lhe facilitará a reeleição do que em viabilizar uma candidatura do PSDB em São Paulo capaz de fazer frente a Maluf.
Num cenário de poucas novidades, a principal fica por conta da eventual candidatura de Marta Suplicy, que chega a ter 11% das preferências e surge como alternativa capaz de tirar o PT do ostracismo em São Paulo. Ela e Orestes Quércia (PMDB) aparecem praticamente empatados, mas Marta Suplicy, ao contrário do ex-governador, tem mais votos entre os eleitores mais ricos e escolarizados, o que sugere que sua candidatura tem mais potencial para crescer.
Ainda é muito cedo para avaliações conclusivas, mas hoje, como há três meses, o Datafolha prevê um segundo turno entre Maluf e Rossi. Conhecendo-se a biografia dos dois candidatos e a vocação de ambos para os arranjos políticos de conveniência, não é difícil arriscar qual seria o desfecho dessa eleição. Apesar dos pesares, o malufismo opera com ampla folga no Estado de São Paulo.



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