|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Três Poderes
BRASÍLIA - O ano de 2009 vai embora, deixando um rastro de escândalos políticos em meio às incertezas embaladas pela crise econômica
mundial. Nem o presidente do Senado (mais um!) escapou, misturando-se com empreguismo e atos
secretos, na vizinhança do deputado do castelo e de parlamentares
voadores, verbas complementares
milionárias e notas fajutas.
Por isso, é curioso que 15% dos
brasileiros considerem o Congresso ótimo ou bom, 39% avaliem que
seja regular e só 40% cravem ruim
ou péssimo, como apurou o Datafolha. Considerando-se as circunstâncias, poderia ter sido bem pior.
Também, pudera. Se o Congresso
sempre foi a principal fonte de escândalos e o saco de pancadas, agora encontra concorrência no Executivo e no Judiciário. Ressalvados
os motivos, que são bastante diferentes, nenhum dos Poderes passou ileso por 2009.
No Executivo, cassações dos governadores do Maranhão, da Paraíba e do Tocantins por crimes eleitorais, e o ano fechando com o governador de nada mais, nada menos
que o Distrito Federal chafurdando
em fitas e panetones.
No Judiciário, uma sequência de
disputas, acusações, votações e habeas corpus capaz de deixar qualquer leigo tonto e sem fôlego, tentando entender, por exemplo, o
presidente do Supremo Tribunal
Federal correndo, fora da rotina e
fora do expediente, para livrar ora
um banqueiro esquisitão, ora um
médico aloprado, tão diferentes entre eles, mas tão iguais no poder, tão
parecidos na riqueza, tão perdulários ao contratar advogados.
Se 60% dos cidadãos não classificam o Congresso de 2009 como
ruim ou péssimo, provavelmente
também não acham nada demais o
que anda ocorrendo nos outros Poderes. De duas, uma: ou não tomam
conhecimento ou começam a desconfiar de que tudo não passa de
guerrinha política, cansaram e
acham que é assim mesmo e nunca
vai mudar. O que é pior?
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Zelig, o zelador Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O novo livro Índice
|