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FERNANDO RODRIGUES
Os marqueteiros
BRASÍLIA - Vários publicitários de renome no mundinho político tendem a ficar de fora das eleições neste
ano. Nizan Guanaes, Nelson Biondi e
Duda Mendonça são alguns -por
motivos públicos diferentes.
Há uma profunda mudança em
curso na área político-propagandística brasileira. Parece que a moda agora é ser "conhecido pela discrição",
como se tal feito fosse possível quando se trata de marketing.
O fenômeno dos marqueteiros no
Brasil passou por alguns estágios. Na
volta do país à democracia, nos anos
80, a maioria desses profissionais vinha do jornalismo, fazia propagandas pobres esteticamente na comparação com a já boa qualidade técnica
da TV nacional. A inflexão foi em
1989, com Fernando Collor -emblematicamente tendo Duda Mendonça
entre seus colaboradores.
Os anos 90 foram para os profissionais de marketing político no Brasil
uma espécie de eldorado. Cobravam-se milhões de dólares. Os políticos pagavam. Em 98, alguém teve a idéia de
levar para um pequeno Estado do
Nordeste um técnico em software de
edição digital de vídeo. O assombro
dos locais foi parecido ao dos índios
quando viram Caramuru atirar para
o ar com uma carabina.
Políticos ignorantes, publicitários
gananciosos e falta de estrutura partidária decente foram três fatores que
fizeram a riqueza de muitos desses
marqueteiros.
Chegou o século 21 e hoje até os políticos do interior têm acesso à internet. Fazer um clipe com qualidade
razoável custa centavos de real. A
fórmula de uma campanha eleitoral
já é conhecida por todos: pesquisas
quantitativas, qualitativas, grupos
assistindo ao programa previamente
e momento histórico adequado.
É possível que ainda alguns ganhem muito dinheiro na eleição de
outubro. Pode até ser. Nesse caso, são
políticos e marqueteiros de mãos dadas enganando os eleitores.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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