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Uma tendência
O NOVO "Mapa da violência
dos municípios brasileiros - 2008", elaborado pelo sociólogo Julio Waiselfisz com
base em dados oficiais e divulgado ontem, confirma uma boa notícia em relação aos homicídios.
O total nacional de mortes violentas (intencionais ou não, excluídos os acidentes de trânsito),
que crescia ano a ano até atingir
51.043 em 2003, registrou a primeira queda em 2004, quando se
notificaram 48.374 óbitos. Agora, com a inclusão dos dados de
2005 (47.578 mortes) e 2006
(46.660), constata-se que estamos diante de uma tendência, e
não de mera variação episódica.
O fenômeno já havia sido observado em municípios populosos, como o Rio e, principalmente, São Paulo, que conseguiu expressiva redução dos óbitos. De
2002 a 2006, a queda foi de 54%.
Hoje, a capital paulista ostenta
um índice de 23,7 homicídios por
100 mil habitantes, menor que a
média nacional de 25,7 por 100
mil e distante das capitais mais
violentas, como Recife (90,9 por
100 mil) ou Maceió (104).
As hipóteses para explicar a redução são muitas e de várias ordens. Incluem desde fatores econômicos, como a recuperação do
emprego e a melhora da renda,
até variáveis demográficas -o
envelhecimento populacional e
mudanças nos fluxos migratórios-, passando por elementos
episódicos, a exemplo da campanha pelo desarmamento.
No caso específico paulistano,
há que incluir os investimentos
em segurança pública, que levaram a um número inédito de detenções e condenações, afastando criminosos da sociedade.
Uma visão global do "Mapa"
indica que a violência tende a
concentrar-se em municípios
com perfis específicos. Entre as
556 cidades mais violentas do
país -que registraram 73,3% dos
homicídios de 2006- predominam áreas de fronteira, de desmatamento, turísticas e em desenvolvimento, além de regiões
de conflito de terra.
De posse desse mapa, as autoridades precisam traçar planos
coerentes de combate à violência. Em São Paulo, a abordagem
racional orientada por estatísticas produziu resultados.
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