São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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Primeira pesquisa Datafolha para governo do Estado sugere cenário relativamente previsível na campanha paulista

NÃO TROUXE nenhuma surpresa a pesquisa Datafolha que pela primeira vez aferiu as intenções de voto para o governo do Estado de São Paulo nas eleições deste ano. E é justamente essa sensação de previsibilidade que confere ao cenário eleitoral paulista, ao menos por ora, um sabor de mais do mesmo.
Não que a sondagem autorize desde já prognósticos seguros. O quadro das candidaturas ainda está por se definir -e eleições, como ensina a experiência, só terminam com a apuração dos votos. Considerando no entanto os dois candidatos a protagonistas da campanha, representantes das correntes políticas mais sólidas do Estado e do país, é difícil imaginar um roteiro que escape ao sobejamente conhecido.
De um lado, apresenta-se Geraldo Alckmin, postulante que por certo conhece de cor a rotina do Palácio dos Bandeirantes -pois lá esteve durante anos. Foi vice do governador Mário Covas a partir de 1995, substituiu-o em janeiro de 2001 e elegeu-se para ocupar o cargo no período de 2003 a 2006.
Alckmin representa a linha mais conservadora do PSDB -e suas sempre citadas virtudes administrativas, das quais se regozija, foram desacreditadas nos bastidores por membros da própria equipe do governador José Serra, que o sucedeu em meio a desentendimentos.
Do outro lado, com a não menos esperada desistência do senador Eduardo Suplicy, anunciada ontem, abre-se o caminho para que seu colega Aloizio Mercadante volte à cena. Petista histórico, o economista perdeu eleições como vice de Lula na chapa presidencial de 1994 e como vice de Luiza Erundina na disputa pela prefeitura paulistana em 1996. Candidato derrotado ao governo paulista nas últimas eleições, deixou o pleito arranhado pelo episódio dos "aloprados" -dois de seus assessores envolveram-se na aquisição de um dossiê para prejudicar o rival José Serra.
O clima de "déjà vu" talvez possa ser quebrado com a dinâmica da disputa, a depender do rendimento das demais candidaturas. E certamente o seria na remota hipótese de Ciro Gomes decidir-se por São Paulo. Seu nome não constou de nenhum cenário da pesquisa publicada ontem -uma vez que persiste na intenção de concorrer ao Planalto.
Pelo mesmo Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Ciro poderá concorrer o empresário Paulo Skaf, presidente da Fiesp -o que já diz muito sobre o sistema partidário do país. Novato na política, os números apurados não lhe foram favoráveis.
Resta esperar que a impressão inicial de marasmo e falta de renovação na contenda de São Paulo possa ser desfeita por propostas e debates pertinentes acerca do futuro do Estado.


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