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O apagão de Lula
SÓ AGORA , quase cinco meses
depois do apagão que atingiu ao menos 1.800 cidades
em 18 Estados do país, surge uma
explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado
de energia no final de 2009.
Segundo relatório da Agência
Nacional de Energia Elétrica, divulgado na semana passada, a
responsabilidade recai sobre a
empresa estatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os
mais de 900 km que separam
Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta
de manutenção e de investimentos, além de erros operacionais
conspiraram para produzir a
mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia
do país desde o traumático racionamento de 2001.
Técnicos da Aneel já haviam
constatado, em julho de 2009,
problemas nos "sistemas de proteção das instalações de transmissão" de Furnas. Foi em seguida conferido à empresa um prazo de mais de dois meses para
que se procedessem aos ajustes e
investimentos necessários -de
maneira específica, nas subestações de Ivaiporã (PR) e Itaberá
(SP), onde o blecaute teve origem. Como nenhuma medida foi
tomada, o sistema ficou "sujeito
a risco de novos desligamentos".
Em novembro, a crise anunciada aconteceu. Temeroso do possível desgaste eleitoral que a falha poderia acarretar para a candidata petista Dilma Rousseff, a
gestora do sistema de energia do
país, o governo lançou uma nuvem de fumaça sobre o episódio.
O ministro Edison Lobão logo
tratou de atribuir a um temporal
em Itaberá um curto-circuito
nas linhas de transmissão.
Além de proteger Dilma, ao governo não interessava jogar luz
sobre um setor da administração
estatal entregue à esfera de influência do PMDB, sigla que se
tornou uma espécie de modelo
de fisiologia na política.
O relatório da agência não deixa dúvida sobre a responsabilidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva no apagão. O que houve, em resumo, foi falta de acompanhamento do sistema e de investimentos por parte do Estado.
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