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Editoriais
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A lição do Enem
MUITO SE pode debater sobre méritos e deméritos
de rankings feitos a partir de avaliações como o Enem,
do ensino médio. A despeito disso, tais comparações instigam a
reflexão sobre fatores que fazem
algumas escolas emergirem da
mediocridade que caracteriza o
ensino básico no Brasil.
Tome-se o colégio Engenheiro
Juarez Wanderley, de São José
dos Campos, primeiro colocado
no Estado de São Paulo. Escola
privada "sui generis", que não
cobra mensalidade dos alunos
por ser mantida pelo Instituto
Embraer de Educação e Pesquisa, teve média superior à de estabelecimentos de elite da capital.
E conta só com estudantes
oriundos da rede pública.
A primeira lição a extrair desse
exemplo é óbvia: há talento nas
escolas municipais e estaduais.
Mas ele acaba em boa medida
dissipado na falta de ambiente
propício ao florescimento intelectual, numa faixa etária -dos
15 aos 17 anos- decisiva. Quando
os jovens encontram professores
motivados, exigentes e bem remunerados, instalações adequadas e uma pedagogia sólida, os
resultados aparecem.
Pode-se por certo contra-argumentar que tal desempenho só
surge quando a escola consegue
capturar a nata da rede pública.
A escola do Vale do Paraíba recebe cerca de 5.000 candidatos para apenas 200 vagas.
Alunos tão selecionados podem não ser representativos, do
ponto de vista socioeconômico,
da clientela típica das escolas oficiais. Mas quantos outros com
alto potencial terminam privados, a cada ano, da chance de desenvolver essa capacidade?
Sem embargo da tarefa primordial de melhorar o ensino
público como um todo, é preciso,
paralelamente, multiplicar experiências como a de São José. O
que hoje são raros redutos de excelência deveria transformar-se
numa rede de escolas com densidade suficiente para recrutar todos os jovens promissores, sem
distinção de classe ou origem.
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