São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Editoriais

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A lição do Enem

MUITO SE pode debater sobre méritos e deméritos de rankings feitos a partir de avaliações como o Enem, do ensino médio. A despeito disso, tais comparações instigam a reflexão sobre fatores que fazem algumas escolas emergirem da mediocridade que caracteriza o ensino básico no Brasil.
Tome-se o colégio Engenheiro Juarez Wanderley, de São José dos Campos, primeiro colocado no Estado de São Paulo. Escola privada "sui generis", que não cobra mensalidade dos alunos por ser mantida pelo Instituto Embraer de Educação e Pesquisa, teve média superior à de estabelecimentos de elite da capital. E conta só com estudantes oriundos da rede pública.
A primeira lição a extrair desse exemplo é óbvia: há talento nas escolas municipais e estaduais. Mas ele acaba em boa medida dissipado na falta de ambiente propício ao florescimento intelectual, numa faixa etária -dos 15 aos 17 anos- decisiva. Quando os jovens encontram professores motivados, exigentes e bem remunerados, instalações adequadas e uma pedagogia sólida, os resultados aparecem.
Pode-se por certo contra-argumentar que tal desempenho só surge quando a escola consegue capturar a nata da rede pública. A escola do Vale do Paraíba recebe cerca de 5.000 candidatos para apenas 200 vagas.
Alunos tão selecionados podem não ser representativos, do ponto de vista socioeconômico, da clientela típica das escolas oficiais. Mas quantos outros com alto potencial terminam privados, a cada ano, da chance de desenvolver essa capacidade?
Sem embargo da tarefa primordial de melhorar o ensino público como um todo, é preciso, paralelamente, multiplicar experiências como a de São José. O que hoje são raros redutos de excelência deveria transformar-se numa rede de escolas com densidade suficiente para recrutar todos os jovens promissores, sem distinção de classe ou origem.


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