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FERNANDO RODRIGUES
Anomalias no Senado
BRASÍLIA - A escolha de Leomar
Quintanilha (PMDB-TO) para presidente do Conselho de Ética eleva
ao paroxismo a capacidade de o Senado se autoflagelar.
O tocantinense responsável pela
ética da Casa é alvo de inquérito no
STF (Supremo Tribunal Federal). É
acusado de "suposta prática de crimes de quadrilha ou bando, peculato [desvio de verbas] e fraude a licitação". Também responde por "crime contra a ordem tributária".
Quintanilha comentou o assunto:
"Jamais fui oficialmente notificado, razão pela qual não tenho elementos para me pronunciar".
Quintanilha faz parte de uma
anomalia irreversível no Senado da
República. Goiás passou a ter nove
senadores depois da Constituição
de 1988: os três originais, as três cadeiras extras para o novo Estado de
Tocantins e ainda mais três para
Brasília, o Distrito Federal.
No caso brasiliense, o histórico é
desabonador. Um senador, Luiz Estevão, já foi cassado (o primeiro da
história a perder o mandato dessa
forma). José Roberto Arruda renunciou para não ser cassado. Acabou eleito governador de Brasília.
Um terceiro, Joaquim Roriz, está
enredado num escândalo envolvendo compra e venda de gado. Tocantins agora oferece ao Brasil o heterodoxo Leomar Quintanilha -um
político com passagens pela Arena,
PC do B e PMDB.
O PMDB, sigla atual de Quintanilha, é para ele talvez o porto mais
seguro. Segundo levantamento do
site especializado Congresso em
Foco, a bancada de 20 peemedebistas no Senado é a campeã em número de processados criminalmente.
Só três jamais foram indiciados pelos tribunais superiores: Pedro Simon (RS), Paulo Duque (RJ) e Geraldo Mesquita (AC).
Esses três nunca são cotados para
relatar o Renangate ou para presidir o Conselho de Ética. Compreensível. Seria uma anomalia incompatível com o atual Senado.
frodriguesbsb@uol.com.br
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