São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Sinal de alerta

O BANCO Central elevou a projeção de inflação para este ano de 4,6% para 6%. A expectativa para 2009 subiu para 4,8%. São cifras acima do centro da meta de 4,5%, mas dentro dos intervalos de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Diante dessas estimativas, a autoridade monetária sinalizou que o ciclo de alta da taxa de juros básica poderá ser mais longo do que inicialmente projetado. Segundo Mário Mesquita, diretor de Política Econômica, "o Banco Central fará o necessário, enquanto for necessário, para manter a inflação alinhada à trajetória das metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional)". Nas últimas duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), a taxa de juros básica subiu 0,5 ponto.
Por um lado, a inflação brasileira sofre pressões externas, provenientes de reajuste nos preços dos alimentos, do petróleo e dos minerais. Por outro, a demanda doméstica cresce acima da produção. As importações complementam parte da oferta interna de bens e serviços.
Assim, as preocupações com a alta dos preços se justificam e inspiram cuidados. A disposição do Copom, comprometido em manter a inflação no âmbito da meta nos próximos anos, é correta. A estabilização de preços se transformou em um valor inalienável para a sociedade brasileira. Todavia, não parece haver motivos para reações radicais da política monetária. O risco seria exagerar na dose do remédio e abortar o ciclo de investimentos.
Nesse sentido, outros instrumentos deveriam ser utilizados para auxiliar o Copom a conter os repasses de preços e evitar maior apreciação do real. O governo já sinalizou com um aumento do superávit primário para 4,3% do PIB. No cenário atual, o aperto fiscal deveria ser superior ao anunciado.


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