São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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KENNETH MAXWELL

Casamento gay

No final de semana passado, paradas do orgulho gay foram realizadas em São Paulo bem como em outras grandes cidades do planeta. Em Nova York, a parada anual tinha um motivo adicional para orgulho: o Senado estadual de Nova York, com apoio do governador Andrew Cuomo, havia acabado de votar pela legalização do casamento gay.
No Brasil, o STF (Supremo Tribunal Federal), em 5 de maio, reconheceu casais homossexuais como unidades familiares. Nesta semana, o juiz Fernando Henrique Pinto, de Jacareí (SP), converteu a união estável de Luiz André Moresi, 37, e José Sérgio Souza, 29, em casamento.
A opinião pública mudou dramaticamente em relação ao casamento gay, no Brasil como nos Estados Unidos, onde pesquisas feitas em maio demonstravam que 53% dos norte-americanos agora apoiam o casamento gay.
Em dezembro do ano passado, o presidente Barack Obama assinou uma lei que revoga as restrições ao serviço de pessoas abertamente homossexuais nas Forças Armadas, pondo fim ao regime de "não pergunte, não revele".
Andrew Cuomo é filho de Mario Cuomo, que também foi governador de Nova York. Serviu como secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano na presidência de Bill Clinton, mas se desentendeu com as lideranças negras e hispânicas do Partido Democrata.
Passou por um divórcio conflituoso de Kerry Kennedy, filha do senador Robert Kennedy, morto em 1968. Mas, mesmo assim, tornou-se secretário da Justiça em Nova York, e reconstruiu sua base política ao investigar, de modo agressivo, Wall Street depois da crise de 2008/09.
Sua vitória com a aprovação do casamento gay, como governador, só serve para aprimorar sua reputação. Mas a euforia é prematura.
A despeito da decisão do STF, o juiz Jerônymo Villas Boas, em Goiás, cancelou a união civil de um casal gay. A Igreja Católica se opõe ao casamento gay. O mesmo vale para os evangélicos. O Grupo Gay da Bahia calcula que 260 homossexuais tenham sido assassinados no Brasil no ano passado, ante 113 cinco anos antes.
A deputada federal americana Michele Bachmann, de Minnesota, que é ferozmente conservadora, inimiga da homossexualidade e uma das líderes do Tea Party, acaba de lançar sua campanha pela indicação presidencial republicana, em Waterloo, Iowa.
Ela declarou que, "como John Wayne, sou de Waterloo, Iowa, e tenho o mesmo espírito que ele". Mas o ator John Wayne, "The Duke", na verdade não era de Waterloo.
O John Wayne a quem Bachmann se referia era John Wayne Gacy, que morou em Waterloo. Gacy conquistou infâmia como assassino serial que estuprou e matou 33 gays adolescentes nos anos 70.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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