UOL




São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR


Privatizações
"O artigo "Miro Teixeira está errado?" (Dinheiro, 28/7), de Marcos Cintra, é uma oportunidade para o país refletir sobre mais uma vergonha nacional: os contratos das empresas privatizadas. Como diz Marcos Cintra: "A quem interessa? A quem favoreceu?". Certamente não interessa aos brasileiros nem favorece a eles, mas, sim, a grupos que financiam campanhas políticas e ao grande capital, que vêem os brasileiros como trouxas que podem ser sugados para garantir lucros sem riscos. Espero que Marcos Cintra continue levantando questões que nos fazem refletir, como a do artigo desta segunda-feira."
Luís Carlos da Silva (São Paulo, SP)

Sudene
"Pensei que fosse uma piada ruim a volta da Sudene, mas, infelizmente para o Brasil e felizmente para a alegria dos políticos nordestinos, a "gloriosa" instituição reabre suas portas e cofres aos eternos vampiros de verbas. Talvez a única coisa boa que FHC tenha feito em seu governo tenha sido acabar com ela e com a Sudam. Agora, Lula, todo orgulhoso, faz questão de dizer que a nova Sudene é blindada contra a corrupção. Pensa o governo que somos perfeitos idiotas e que acreditamos que uma instituição que teve tempo e verbas suficientes para resolver todos os problemas nordestinos, mas serviu apenas para enriquecer a politicalha local, vá voltar impoluta."
Laércio Zanini (Garça, SP)

Febem
"A mais recente rebelião ocorrida na Febem de Franco da Rocha, mais do que apenas outro capítulo da novela de erros grotescos e acertos pontuais no tratamento dispensado ao menor infrator pelo poder público paulista, pôs a nu uma questão mais grave que a violência do levante em si: o processo de encarceramento pelo qual a instituição Febem passou nos últimos dez anos. Apesar do advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Febem se viu forçada a substituir o seu caráter educacional por uma abordagem eminentemente prisional diante da periculosidade crescente dos menores entregues à sua tutela. As unidades converteram-se em verdadeiras prisões. Essa periculosidade refletiu-se na Febem, onde os menores, em vez de se regenerarem, organizam-se em verdadeiras tribos que se hostilizam mutuamente. Nesse caldo de cultura da violência, as rebeliões não são apenas previsíveis, são um dado inerente ao sistema e mero subproduto de uma cultura carcerária infanto-juvenil."
Iwao Celso Tadakyio Mura Suzuki (São Paulo, SP)

Violência
"Como educadora, aplaudi o artigo de Otavio Frias Filho sobre violência, cultura e formação da mentalidade do brasileiro ("Cultura bandida", Opinião, A2, 24/7). A arte certamente espelha ou, pelo menos, refrata o que se observa na realidade e, por isso, exerce seu papel pedagógico. Daí a violência, como padrão estético e rumo moral, estampada, de acordo com o articulista, na música, no cinema, na literatura marginal da TV. Ora, se nossas crianças e adolescentes recebem, em doses extras por dia, todo esse conjunto de glamour do que deveria ser abominado, visto que o criminoso e o marginal são convertidos em heróis que objetivam justiça pelas próprias mãos, ficam cada vez mais longínquos os ideais da escola e da família no sentido de formar cidadãos justos e íntegros. Assim, a sociedade caminha cada vez mais a passos largos para o egocentrismo e para a devassidão. E os valores essenciais, que de fato são imprescindíveis para a formação do homem, atropelam-se e estapeiam-se ao sair, atabalhoadamente, pelas portas e janelas dos lares e das salas de aula. Recuperar modelos é preciso para que não deixemos de ter esperança."
Maria Teresa Hellmeister Fornaciari (São Paulo, SP)

Defesa
"Como é público e notório, fui acusado das práticas dos crimes de estelionato, formação de quadrilha, peculato (desvio do dinheiro público), corrupção passiva e evasão de divisas. A Justiça julgou o caso e afastou todas essas acusações feitas contra a minha pessoa, demonstrando que sofri uma grave injustiça. Reafirmo minha inocência e vou lutar contra a minha condenação pela suposta prática de crimes que nunca cometi -numa das condenações, nem sequer fui acusado na denúncia da ação judicial penal, bem como, em ambas as condenações, houve outras violações inconstitucionais às minhas garantias fundamentais consagradas pelo nosso Estado democrático de Direito. Encontro-me ainda em regime de prisão e vou me defender até o fim por meio de meus advogados, em especial o doutor Ricardo Hasson Sayeg, que fica autorizado, se e quando entender conveniente, a prestar todos e quaisquer esclarecimentos às autoridades e à população, tendo em vista que minha defesa, diante das peculiaridades do caso, deve ir além dos tribunais e esclarecer a opinião pública."
Nicolau dos Santos Neto (São Paulo, SP)

Extradições
"O juiz espanhol Baltazar Garzón está há anos empenhado em pedir a extradição de militares que atuaram de maneira desumana em conflitos internos de países da América do Sul. No passado, pediu a extradição do ex-presidente do Chile. Agora está solicitando a prisão de diversos militares argentinos. E Cuba? Como fica para esse juiz? Todos sabemos a maneira como a ditadura cubana tratou os seus inimigos, e ainda recentemente tivemos notícias de execuções de cubanos dissidentes. Realmente a atitude desse juiz é um pouco estranha."
Marco Antonio Martignoni (São Paulo, SP)

Maitena e Angeli
"Assim como Danuza Leão (Ilustrada, 27/7), quero dar as boas-vindas à cartunista argentina Maitena, que estreou nas páginas da Folha no domingo passado. E, por falar no assunto, algumas alterações nos quadrinhos diários da Folha com certeza contariam com a aprovação dos leitores. O único imprescindível é o Níquel Náusea. Mas, se Maitena faz tanta questão, o Angeli pode ficar."
Ivan Fontes Garcia (São Paulo, SP)

"Universidade" do MST
"Como autora da concepção da metodologia de edificação e da adoção da tecnologia de construção com terra, além do projeto arquitetônico da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, gostaria de acrescentar algumas observações à reportagem "MST constrói "universidade" de R$7 milhões" (Brasil, 27/7). A verba destinada à construção de uma moradia para uma família em um novo assentamento, no tempo do governo FHC, era de R$ 2.500. Com esse valor, só é possível uma construção inadequada, muito abaixo de um padrão mínimo. Com o aprendizado de produção de BTC (bloco de terra comprimida), os novos assentados conquistam autonomia na produção de material de qualidade para suas paredes a um custo muito reduzido. O que foi denominado de "imponência" é nada mais do que arquitetura de um campus por onde passarão milhares de jovens de todo o Brasil."
Lilian Avivia Lubochinski, arquiteta (São Paulo, SP)


Texto Anterior: José Erivalder Guimarães de Oliveira: A CPI dos Planos de Saúde

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.