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PLÍNIO FRAGA
Não fuja, Lula
RIO DE JANEIRO - A possível ausência do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva dos debates eleitorais,
seguindo o exemplo de Fernando
Henrique Cardoso em 1998, está
baseada na mesma lógica que permitiu o mensalão. O projeto de poder é mais importante do que o projeto de país. O argumento de que o
debate fará com que Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam
Buarque -os três candidatos que
participariam, segundo acordo entre os partidos- unam-se contra o
atual presidente é mais do que pobre. É mesquinho, apequena Lula
perante sua própria biografia.
Por piores que sejam, os debates
permitem contrastes, comparações
explícitas entre qualidades, currículos, propostas. São a melhor forma de o eleitor abalizar a escolha.
Ser um comunicador articulado
-e Lula se orgulha da capacidade
de "falar diretamente com o povo"- é uma qualidade na campanha e no governo. A verdadeira
questão é o quanto um político pode ser falsificado, maquiado. Um
candidato pode ter alguém que escreva os discursos dele e parecer articulado e inteligente. Em um debate, a sintaxe do candidato aparece
de forma mais próxima da real, sem
permitir correção por "speechwriters" (redatores de discursos).
Nas campanhas eleitorais, normalmente a ideologia é mascarada.
Reformadores tendem a uma guinada à direita em suas promessas
eleitorais para conquistar votos.
Conservadores fazem concessões à
esquerda na tentativa de expandir
sua base. No debate, por mais ensaiado que um candidato esteja, um
arquear de sobrancelha pode dizer
o que as palavras escondem.
Presidente que foge ao debate
mostra que "prefere ficar escondido atrás de publicidade paga com
dinheiro do povo em vez de ir para o
ringue lutar em igualdade de condições". E não sou eu quem disse isso:
foi um tal de Luiz Inácio em 1998.
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