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Muito a votar
Congresso Nacional precisa mostrar que pode cuidar de escândalos internos e de CPIs sem sacrificar agenda do país
APÓS DUAS semanas de
recesso parlamentar, o
Congresso Nacional
retoma depois de amanhã suas atividades normais. Há
votações importantíssimas na
pauta, entre as quais alguns pontos da chamada reforma política
e a questão da prorrogação ou
não, e em que bases, da CPMF.
As chances de bons projetos
serem aprovados, nunca muito
elevadas no Legislativo brasileiro, ficam ainda mais reduzidas
por conta de duas questões pontuais: o acidente com o Airbus da
TAM, que deverá lançar todas as
luzes sobre as CPIs do setor aéreo, e a crise em torno da presidência do Senado. Estes não são
evidentemente problemas que o
Congresso possa ignorar. Ao
contrário, são questões que os
parlamentares precisam enfrentar. Só que deveriam fazê-lo sem
o sacrifício das votações.
Várias das matérias vitais para
o futuro do país aguardam a
apreciação de deputados e senadores. Já se tornou um mantra
afirmar que nossa estrutura tributária é perversa e geradora de
fortes desequilíbrios econômicos. Pois bem, o Congresso teria
a chance de começar a mudar essa situação aperfeiçoando o projeto de reforma que está sendo
elaborado pelo governo.
No plano político, os desafios
não são menores. A Câmara começou bem ao rejeitar, em junho, a absurda proposta de voto
em lista fechada preordenada
pelas cúpulas partidárias, o que
inauguraria a ditadura dos caciques das legendas. Deveria dar
continuidade à boa obra vetando
a ampliação do financiamento
público de campanha e reforçando a fidelidade partidária.
Mesmo num horizonte curto
existem projetos importantes
associados ao PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) a
serem aprovados. É o caso da limitação de gastos públicos com
pessoal, o que proporcionaria
um bem-vindo alívio fiscal -que,
por sua vez, deveria reverter para
os contribuintes e para mais investimentos.
Também estão na agenda duas
votações absolutamente vitais
para o governo: as prorrogações
da CPMF, o imposto do cheque,
e da DRU (Desvinculação de Receitas Orçamentárias), a emenda
constitucional que permite ao
Planalto deixar de alocar em
educação e saúde verbas arrecadadas para essas finalidades.
Não é improvável que a agenda
congressual deste segundo semestre se limite a essas duas
emendas e algumas outras votações de menor importância - e
que o Executivo use toda a sua
força para aprovar a continuidade da CPMF nas bases atuais.
Se o roteiro for este mesmo, estará sendo desperdiçada mais
uma boa oportunidade. O Congresso bem poderia sinalizar
com a redução da carga tributária, baixando a alíquota da
CPMF. Trata-se de um tributo
eficiente para fins de fiscalização, mas que, por incidir em cascata, distorce as relações econômicas. O ideal seria que existisse
com uma alíquota mínima, que
servisse só para permitir ao Fisco identificar sonegadores.
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