São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Quem bate cartão não vota em patrão
RUI PIMENTA
Por outro lado, as esperanças depositadas por amplos setores da classe operária em Lula, à revelia do programa e da política do PT, traduzem de modo distorcido a aspiração de um governo próprio dos trabalhadores da cidade e do campo. Mas o PT não quer ser esta alternativa. A conduta do partido nas prefeituras e Estados que dirige (privilégios aos grupos capitalistas locais, arrocho no funcionalismo, perseguição a perueiros e camelôs, cortes em verbas da educação etc.), a aliança com o PL, a repressão às greves, o apoio ao FMI, tudo isso revela cada vez mais a sua completa integração ao regime burguês. Um eventual governo de Lula e do PT não será dos e para os trabalhadores, mas dos mesmos que governaram até hoje, contra os trabalhadores. Para o movimento operário e o conjunto da população explorada, o grande desafio é construir uma alternativa real, nestas eleições e no próximo período: um novo partido, com um programa de luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Um partido que organize a luta pelas mais sentidas necessidades da classe trabalhadora, como a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem corte salarial, para combater o desemprego; o salário mínimo vital de R$ 1.500, contra as propostas demagógicas defendidas pela esquerda (US$ 100, aumento de 100% etc.); a dissolução da PM e o fim da repressão contra a população pobre; o fim do vestibular, para que todos tenham acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade; o controle operário da produção; o não-pagamento da dívida externa; a revogação de todas as privatizações realizadas no país; o assentamento de todos os sem-terra, com a expropriação do latifúndio, entre outras. Com a burguesia dividida e as classes intermediárias em processo de deslocamento para a esquerda, abre-se o caminho para uma ascensão operária e das lutas populares em todo o país. Quem bate cartão, não vota em patrão. É hora de construir um novo partido de luta dos trabalhadores. Esta é a bandeira principal do PCO nestas eleições. Rui Costa Pimenta, 45, jornalista, editor do jornal "Causa Operária", é presidente nacional do PCO e candidato do partido à Presidência da República. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José Maria de Almeida: A origem da crise é o FMI Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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