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FERNANDO RODRIGUES
O desafio de Lula
BRASÍLIA - O Brasil teve cinco
eleições presidenciais seguidas desde 1989. Ontem, Lula foi reeleito
pelo voto direto. Repetiu o feito de
Fernando Henrique Cardoso em
1998, também escolhido duas vezes
para comandar o país.
A rigor, a democracia brasileira
entrou em ritmo de normalidade
apenas a partir de 1994. Só há democracia com regras estáveis e um
mínimo de segurança, ordem e previsibilidade na área econômica.
Parece pouco, mas a eleição de
2006 foi a única no período recente
sem correria da classe média aos
bancos. Não houve saques em dinheiro para comprar dólares ou algum bem móvel ou imóvel. No processo eleitoral, grande parte dos
eleitores se mostrava desanimada
com Lula ou com Alckmin. Mas
ninguém tinha dúvida sobre como
seria o mandato de um dos dois: ortodoxia na economia, o Brasil crescendo como tartaruga, apesar de
haver o bom subproduto da estabilidade na economia.
Esse é o ponto e o desafio para
Lula. Como encontrar mentes sofisticadas para auxiliá-lo a dar ao
país um "drive" novo, energia. Algo
capaz de subverter a lentidão a que
estamos relegados no desenvolvimento há quase três décadas.
"Corte nos gastos públicos" é o
mantra da vez. Está certo. Esse é
um remédio inevitável. Mas há de
existir alguma saída, dentro das regras estabelecidas, que permita a
uma nação como o Brasil abreviar a
sua chegada ao futuro.
Depois que todos os planos econômicos falharam nas décadas de
80 e de 90, um grupo iluminado
criou a URV. O Brasil se livrou da
inflação. E nenhum contrato foi
quebrado.
Agora, resta a Lula encontrar um
time de assessores que o apresente
talvez a uma "URV do crescimento". Não é certamente tarefa fácil.
Mas é o mínimo que se espera da
próxima administração.
frodriguesbsb@uol.com.br
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