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ELIANE CANTANHÊDE
"Chique"
BRASÍLIA - Segundo Lula, o Brasil
agora é "chique", porque é do Brics,
com Rússia, Índia e China, e além
disso integra o grupo dos países de
alto desenvolvimento humano. Ele,
porém, esqueceu de alguns "detalhes" e manteve aquela postura curiosa: vitórias são sempre dele; derrotas, dos outros.
A curva do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil
mostra claramente que os avanços
do país são parte de um longo processo: 0,723 em 1990, 0,753 em
1995, 0,789 em 2000 e, enfim,
0,800 em 2005. Ou seja, o menor
avanço em 15 anos foi justamente
de 2000 para 2005.
É como Lula capitalizar a auto-suficiência do petróleo e a descoberta de um possível megacampo
da Petrobras como mágicas dele.
Ou, ainda, como Lula comemorar a
marca de um milhão de carros da
Ford na Bahia. O PT gaúcho expulsou a fábrica, e o PFL baiano pegou.
A festa é do PFL (ou DEM) baiano.
E não custa lembrar que o Brasil
entrou no grupo de alto desenvolvimento humano como lanterninha,
o último entre os 70, o que não tem
nada de chique, especialmente
quando comparado ao desenvolvimento econômico, também resultado de um longo processo.
No confronto com dados da realidade, a coisa fica ainda pior. Na
mesma semana em que Lula estala
a língua de alegria com o IDH, o país
e o mundo se chocam com a história
de L., a menina franzina e violentada pela vida, entregue pelas "autoridades" às feras no Pará.
Essa menina não é um caso isolado. Ao contrário, sua dor chama a
atenção para a situação de sabe-se
lá quantas mulheres no Pará e sabe-se lá quantas mulheres e homens
jogados como bichos em cadeias
pelo país afora. Muitos, aliás, inocentes e sem defesa.
Números são números. Siglas são
siglas. A realidade, senhor presidente, é que o Brasil vem evoluindo,
sim, mas está longe, muito longe de
ser "chique". Pergunte a L.
elianec@uol.com.br
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