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KENNETH MAXWELL
Sobrevivendo a Bush
A CARREIRA governamental
de George W. Bush está chegando ao fim, e ele agora é
um "lame duck" (um "pato manco"), um político em final de mandato. Boa parte de seu poder político se esvaiu, e os norte-americanos
estão à espera de uma nova Presidência, no ano que vem. Mas é importante lembrar que Bush ainda
tem quase um ano a cumprir no
mais poderoso posto do planeta.
Ele continua a exercer os poderes
de comando supremo das Forças
Armadas dos EUA. E ainda pode
causar problemas.
Tudo isso garante que, caso Bush
tenha chance de agir unilateralmente uma vez mais para reafirmar seu poder, ele indubitavelmente o fará. Quanto a questões de
política interna, ele precisaria da
colaboração do Congresso, como o
pacote de estímulo econômico para combater a ameaça de recessão,
negociado com a liderança democrata da Câmara dos Deputados,
deixou claro na semana passada.
Mas a Constituição dos EUA impõe
restrições muito menores às ações
do presidente quanto a assuntos de
política externa. Intrinsecamente,
portanto, é muito mais provável
que uma crise internacional sirva
como catalisador às ações do presidente "pato manco".
Assim, onde ocorrerá a próxima
crise internacional? Ainda que as
atenções dos especialistas estejam
agora concentradas no "fundamentalismo islâmico", definido pelo líder entre os pré-candidatos republicanos à Presidência, senador
John McCain, como o maior desafio do século 21, suspeito que não
será essa a origem de uma nova crise. Afinal, os parâmetros do assunto inacabado estão bem definidos:
a ameaça continuada da Al Qaeda;
a insurgência no Iraque; a crise
sem fim na Palestina; o confronto
com o Irã; a instabilidade no Paquistão e no Afeganistão.
Mas existe uma crise previsível
fervilhando mais perto de casa, que
terá grande impacto sobre a América Latina e com relação à qual os
Estados Unidos estão presos a uma
política inflexível e sujeitos à ação
de poderosos grupos de interesses
internos prontos a intervir, especialmente em um ano eleitoral; e o
detonador dessa bomba-relógio já
começou sua contagem regressiva.
A "oportunidade" de Bush pode
surgir em Cuba.
Há dois fatores inevitáveis nisso.
Um é a certeza de que Bush deixará
o cargo em janeiro de 2009. O outro é que Castro morrerá. A incerteza envolve determinar se Castro
morrerá antes de janeiro do ano
que vem ou sobreviverá à Presidência de Bush. Castro sobreviveu
a todos os presidentes norte-americanos desde 1959, e com sorte é
possível que o faça de novo. Mas,
caso ele venha a morrer enquanto
Bush continuar presidente, e em
meio a um ano de eleição presidencial nos Estados Unidos, podemos
esperar por uma infinidade de
problemas.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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