|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELVIRA LOBATO
Do Brasil para o mundo
RIO DE JANEIRO - Descobriu-se, na semana passada, a existência da minuta do decreto presidencial que vai
criar a TV Pública Internacional do
Brasil, um canal estatal para divulgar a imagem do país no exterior.
Naturalmente, será para mostrar
uma imagem positiva, um país diferente daquele marcado pela violência, pela pobreza e pelos desmandos
administrativos que chega ao conhecimento da opinião pública internacional pelo noticiário não-oficial.
O que se questiona é a conveniência
de tal investimento. O canal estatal
começa com um orçamento de R$
10,3 milhões para 2004, mas que dobraria a partir do ano que vem. É
pouco diante da dimensão das carências nacionais, mas a questão é política, de definição de prioridades.
A idéia recebeu crítica imediata de
profissionais de emissoras de televisão, que viram nela uma tentativa do
governo de reinventar a roda e de
desperdiçar dinheiro público. Afirmam os especialistas, aparentemente
com razão, que um canal estatal seria visto com desconfiança pelo público bem informado. O exemplo
mais citado é a rádio ""Voz da América", identificada como um canal de
propaganda oficial dos EUA.
Eles lembram que há emissoras de
televisão públicas européias, como a
Deutsche Welle (Alemanha), a BBC
(Reino Unido), a RAI (Itália) e a TVE
(Espanha), que têm canais internacionais bem-sucedidos. Mas são
emissoras de programação aberta,
que têm independência em relação
ao governo. A Deutsche Welle, por
exemplo, é uma autarquia que se
mantém com as taxas que os telespectadores pagam para receber a
programação e com a venda de espaço publicitário, segundo informa em
seu site na internet.
A TV Pública Internacional do Brasil será mantida com recursos da Radiobrás, do Senado, da Câmara e do
STF e será dirigida por um comitê
gestor indicado por Executivo, Legislativo e Judiciário. Difícil imaginá-la
agindo com independência dos Poderes que vão sustentá-la.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Lobby, inépcia, preguiça e medo Próximo Texto: José Serra: Excluindo os excluídos Índice
|