NA POLÍTICA BRITÂNICA , os senhores Brown não se saem bem. A rainha Vitória tinha um sr. Brown. Tratava-se de um montanhês que trabalhava em Balmoral, a propriedade da rainha na Escócia. Depois da morte de seu marido, o príncipe Albert, em 1861, John Brown se tornou o companheiro mais constante da soberana, e a protegia devotadamente.
Mas a influência que ele exercia sobre a rainha fez com que a família real, cortesões ciumentos no palácio e os políticos de Londres conspirassem para removê-lo. Há um filme de 1997 sobre o relacionamento entre eles, intitulado "Mrs. Brown", no qual Judi Dench interpreta a rainha Vitória. George Brown era londrino. Serviu como ministro do Exterior durante o governo trabalhista de Harold Wilson na metade dos anos 60, e era rival de Wilson no partido.
Era, também, alcoólatra. Existe uma história persistente, ainda que quase certamente apócrifa, sobre seu comportamento durante uma visita oficial a Brasília. É assim: George Brown compareceu a uma recepção oferecida pelo Itamaraty. Quando a banda começou a tocar, ele se virou para a pessoa a seu lado e disse: "Bela dama de vermelho, posso dançar com a senhora?" A resposta imediata foi um "não". Brown quis saber o motivo.
""Por três razões. Primeiro, porque você está bêbado; segundo, porque isso não é uma valsa, mas o hino nacional brasileiro; terceiro, porque eu não sou uma bela dama de vermelho: sou o núncio papal".
O que nos conduz ao atual primeiro-ministro britânico. A semana passada não foi boa para Gordon Brown. Na sexta-feira, o Partido Trabalhista perdeu um assento parlamentar considerado como seguro, em uma eleição suplementar em Glasgow East. Os nacionalistas escoceses conquistaram o assento, e a alteração nos votos em desfavor dos trabalhistas foi da ordem de 23%.
As eleições suplementares acontecem quando o parlamentar que representa um distrito renuncia ou morre durante o mandato. Portanto, não acontecem em momento que o governo controle, e em conseqüência se tornam um referendo sobre o partido que está no poder.
Mas esta foi a terceira derrota trabalhista em eleições suplementares neste ano. O índice nacional de aprovação do partido é de apenas 26%. As conspirações contra a liderança de Brown estão em pleno curso.
Gordon Brown foi ministro das Finanças sob Tony Blair e queria desesperadamente ser primeiro-ministro. Quando Blair renunciou, no ano passado, a bancada parlamentar trabalhista sacramentou Brown como sucessor. E desde então as coisas só vêm piorando para ele.
Outro sr. Brown desafortunado.