São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

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PAULA CESARINO COSTA

Jogo limpo

RIO DE JANEIRO - Depois do pontapé inicial dado ontem no Rio, com o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, o Brasil terá de se acostumar às comparações com a África do Sul.
É verdade que o país tem crescido, ampliado oportunidades e diminuído as desigualdades. Mas ainda assim estamos mais próximos do país africano do que da Alemanha, sede da Copa de 2006.
Já surgem os anti-Fifa e anti-Copa que também saíram às ruas sul-africanas em 2010 e aqui se somam aos anti-Ricardo Teixeira -presidente da CBF há 22 anos!
Por ora, as palavras de ordem vêm principalmente de moradores afetados pelas obras e de jovens contra a modernização do futebol, o que quer que isso signifique...
Na "plataforma de luta" da chamada Frente Nacional dos Torcedores há desde o combate a "ingressos caros, à vedação de bandeiras e a elitização da arte popular da arquibancada" até o alerta para a ausência de transparência no futebol, a retirada de comunidades carentes, o abuso policial e a corrupção".
Exageros e brincadeiras à parte, nunca é bom desprezar os protestos. O Brasil não pode ignorar fatos que aconteceram na África do Sul.
Na bela Cape Town, moradores foram removidos para o que se chamou de "depósito de gente", barracos de zinco de 18m2, em local bem longe da vista dos turistas-torcedores. Em Johannesburgo, moradores de rua foram tirados de áreas turísticas, e imigrantes foram ameaçados em seus abrigos. Pela imagem de um país limpo.
As perguntas são as de sempre: que legado a Copa deixará? Terão valido a pena os bilhões investidos (em recursos públicos e privados)? Que abusos acontecerão?
Antes de valer para os jogadores no campo, aquela história de jogo limpo ("fair play", como a Fifa prefere), precisa ser seguida pela própria entidade, o comitê organizador local, governo e associados.


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