São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Adeus a dom Hélder

"Cala-se o símbolo máximo contra as injustiças sociais no nosso país.
Por 90 anos, nas situações mais adversas, sua voz esteve sempre presente, fosse para denunciar ou lutar contra as iniquidades, fosse para confortar os necessitados.
Sonhos e ideais são inerentes à pessoa humana e dom Hélder Câmara não fugiu à regra. Pena que seu grande sonho de adentrarmos o novo milênio sem miséria e com a reforma agrária consolidada não tenha se efetivado. Mas isso não precisa parar porque ele morreu. Pelo contrário. Devemos engendrar ações no sentido de aproximar esses ideais o máximo possível da nossa realidade, pois dessa forma estaremos retribuindo os ensinamentos e a dedicação que ele sempre nutriu pelo povo brasileiro."
Maria Laura de Castro Cardoso Macedo (Campina Grande, PB)

"Conheci dom Hélder em uma conferência em que ele e meu pai, Fernando Pereira Sodero, proferiram palestras juntos. Esse evento ocorreu na Unicamp em 1981 e tratava da reforma agrária, tema polêmico e ainda proibido naquela época. Eu era muito jovem e fiquei impressionada com a fala de dom Hélder, seu carisma e sua vontade de trazer mais pessoas para lutar pelas causas que defendia. Naquele momento, percebi a força incrível que estava por trás daquele homem pequenino, mas com um sorriso que abarcava a todos. No sábado, ao ler a notícia de sua morte, eu me entristeci, mas sabemos que ele conseguiu deixar seguidores que continuarão o seu trabalho."
Ana Luiza Bacchereti Sodero de Toledo (São Paulo, SP)


Jornal Nacional

"Não me surpreende o tratamento faccioso dado por vossa senhoria na "reportagem'/editorial publicada na edição do dia 28/8 (Ilustrada) sobre os 30 anos do "Jornal Nacional". Era previsível que vossa senhoria fosse ouvir expressões do ressentimento para rechear seus comentários (e de outros) baseados, como de hábito, na ignorância, na deturpação e na má-fé.
Mas confesso que não esperava nem a manipulação da entrevista de William Bonner nem muito menos a censura à entrevista que concedi a seu pedido, sob seu compromisso de publicar na íntegra as minhas respostas, compromisso a que acrescentei, sem contestação sua, o meu entendimento de que seria publicada "a íntegra das suas perguntas e das minhas respostas".
Das oito perguntas, todas respondidas, que vossa senhoria me encaminhou, foram publicadas apenas três, em pé de página. Considero desrespeitosa e cínica a alegação de falta de espaço em edição tão generosa para os ataques despeitados ao "Jornal Nacional".
Quanto à entrevista do Boni, vejo-me na obrigação de corrigir um erro grave cometido por ele, que é a referência ao papel da Proconsult na primeira eleição de Leonel Brizola para governador do Rio de Janeiro.
Diferentemente do que diz o Boni, "O Globo" nunca contratou a Proconsult para coisa alguma. "O Globo" fez com seus próprios recursos o somatório inicial dos mapas apurados e sempre anunciou na primeira página, desde o primeiro dia, que as projeções indicavam a vitória de Brizola. Que eu saiba, a Proconsult foi contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral para fazer a computação dos mapas e houve forte suspeita de que órgãos de segurança do governo federal tentaram usar a Proconsult para fraudar a eleição.
Ainda ao que eu me lembre, o Armando Nogueira, diretor da Central Globo de Jornalismo na ocasião, deu numerosas entrevistas em que deixava claro que a TV Globo divulgou os dados da apuração do Globo, no Rio, e do Estado de São Paulo em São Paulo, além dos atrasadíssimos boletins da Justiça Eleitoral."
Evandro Carlos de Andrade, diretor da Central Globo de Jornalismo (Rio de Janeiro, RJ)
Resposta do jornalista Fernando de Barros e Silva - 1) O jornalista William Bonner foi avisado antes da entrevista de que suas declarações iriam constar do texto de abertura da reportagem, e não ser reproduzidas na íntegra, na forma de pergunta e resposta. Foi o que ocorreu. Não há uma única palavra de Bonner no texto, no qual comparece com amplo destaque, que não tenha sido dita por ele. Não houve manipulação; 2) em relação à entrevista com o sr. Evandro Carlos de Andrade, selecionei, na íntegra, sem mudar uma vírgula, as respostas de maior interesse jornalístico, tendo o cuidado de incluir todas em que parecia haver críticas veladas à Folha e à minha pessoa. Não houve, portanto, censura alguma, mas edição. Que ele pretenda editar a Folha, além do jornalismo da Globo, parece no mínimo descabido. Quanto à "ignorância, deturpação e má-fé", não é à minha escola de jornalismo que tais atributos são comumente associados.

"Nas declarações que prestei à Folha sobre os 30 anos do Jornal Nacional, cometi um erro ao informar que havíamos "contratado" a empresa Proconsult.
Fui alertado pelo dr. Homero Icaza Sanchez que, na verdade, quem contratou a empresa Proconsult foi o Tribunal Regional Eleitoral e que nós apenas utilizamos os seus números."
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, Boni, ex-vice-presidente da Rede Globo (Rio de Janeiro, RJ)


Situação em Timor

"No que se refere aos atuais acontecimentos em Timor Leste, é necessário que se faça justiça a Noam Chomsky, linguista e analista político norte-americano, que denunciou a situação naquela região quando ainda não era moda fazê-lo, inclusive em um documentário exibido pela TV Cultura, onde mostrou até onde vai o poder da mídia na manipulação das notícias, criticando publicamente a parcialidade com que alguns órgãos da imprensa mundial divulgavam os acontecimentos, encobrindo as atrocidades cometidas pelo governo da Indonésia em benefício dos interesses ocidentais.
Parabéns a José Ramos-Horta e ao bispo d. Carlos Ximenes Belo, nunca um Nobel da Paz foi tão merecido."
Roberto Neves Silva (São Paulo, SP)


Casas de parto

"Parabéns às enfermeiras da Casa de Parto que, com carinho, sensibilidade e competência profissional humanizam um ato tão natural como o raiar do dia: o nascer em casa, que nas últimas décadas no Brasil havia sido transformado em um ritual de dor no ambiente hospitalar."
Maria José Antunes (Belo Horizonte, MG)


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