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A FEBEM NA EDUCAÇÃO
Faz sentido, em tese, a decisão
do governador Geraldo Alckmin de transferir a Fundação do
Bem-Estar do Menor para a Secretaria da Educação. Porém a consecução do objetivo manifesto na mudança -dar ênfase à missão da entidade
de reeducar e de evitar a reincidência
no crime- não dependerá apenas
de remanejamento burocrático.
A Febem paulista se tornou um dos
principais pontos negativos do primeiro mandato do governador Mário Covas, morto no ano passado.
Uma série de rebeliões particularmente sangrentas evidenciou a falência de um modelo arcaico, truculento
e antipedagógico de lidar com a
questão do adolescente infrator.
Fundamental para a melhoria relativa dessa situação foi a decisão do governo do Estado de fechar megaunidades da Febem, como o famigerado
complexo Imigrantes, na capital, onde centenas de jovens eram amontoados sem nenhum critério.
Partiu-se, então, para tentar a implantação paulatina de um modelo
mais descentralizado, fundado em
unidades menores espalhadas geograficamente pelo Estado. O processo, muitas vezes dificultado pela resistência de prefeitos em receber
uma unidade da Febem em seu município, já foi suficiente para que as
rebeliões na entidade praticamente
saíssem do noticiário.
Mas um relatório recente endossado pela Comissão de Direitos Humanos da seção paulista da OAB, apontando práticas reiteradas de maus-tratos no complexo de Franco da Rocha (Grande São Paulo), não deixa
esquecer que esse processo de mudança ainda está longe da completude. E o desafio maior, a partir de agora, reside não na concepção arquitetônica das unidades, mas na introdução de uma cultura de fato reeducativa que impeça, de uma vez por todas,
que a Febem seja um centro de troca
de experiências e de aprendizado de
técnicas de bandidagem.
Transferir a Febem para a pasta da
Educação, portanto, constitui apenas um bom começo.
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