São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 2005 |
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FERNANDO RODRIGUES Perdas e danos em 2005
BRASÍLIA - O senso comum é que 2005 foi muito ruim. Condenado a
viver em Brasília e vendo de perto o
que se passou, arrisco um palpite diferente neste último dia de dezembro:
o ano foi de médio para bom.
Bom, é claro, não quer dizer perfeito. A economia poderia ter crescido
mais. A distribuição de renda é africana. Os impostos, estratosféricos. O
juro está além do suportável. Só dois
deputados foram cassados (Roberto
Jefferson e José Dirceu), quando uns
50 poderiam ter ido para o espaço. O
São Paulo poderia ter sido campeão
brasileiro de futebol (só ganhou o
Paulista, a Libertadores da América
e o Mundial de Clubes da Fifa).
Fora as ressalvas do parágrafo anterior, é necessário registrar que o PT
conseguiu chegar ao terceiro ano no
comando do país sem abrir mão da
austeridade fiscal. A inflação está
menor. O Brasil terá em breve sua
quinta eleição presidencial direta seguida pós-ditadura militar.
Em 2006, muita gente discute se o
juro cai para 16%, 14% ou 12%, mas
ninguém nem ousa imaginar que
possa ser cancelada a eleição marcada para o primeiro domingo de outubro, como manda a Constituição.
A rigor, em 2006, será a primeira
eleição presidencial desde o fim da
ditadura com a exata mesma regra
do pleito anterior. Em 1989 o mandato era de cinco anos. Em 1994, caiu
para quatro anos, sem reeleição. Em
1998, introduziu-se a reeleição. Em
2002, veio a verticalização.
É verdade que às vezes dá a impressão de que os eleitores custam a
aprender. É só impressão. Com muita
rapidez, testaram de tudo. Escolheram algo, vá lá, diferente em 1989.
Votaram "conservador" em 1994 e
1998. Provaram o PT em 2002. Democracia é assim. Cheia de defeitos,
mas não existe sistema melhor.
Neste 2005, a democracia brasileira
amadureceu. Até porque sobreviveu.
No caso do Brasil, já é muito.
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