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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Na verdade, a paz
Este é o tema da primeira mensagem do papa Bento 16 para o "Dia
Mundial da Paz". Seguindo o exemplo
dos papas Paulo 6º e João Paulo 2º, o
atual Santo Padre convida a humanidade a se "empenhar numa intensa e
capilar obra de educação e testemunho que faça crescer em cada pessoa a
urgência de descobrir sempre mais
profundamente a verdade da paz".
A afirmação fundamental é que a
"pessoa que se deixa iluminar pelo esplendor da verdade empreende quase
naturalmente o caminho da paz".
A paz é "fruto da ordem que o Divino Criador estabeleceu para a sociedade humana". Na busca da paz, não pode faltar a abertura ao transcendente,
o respeito no diálogo e a tutela dos direitos fundamentais. Deus, e só Ele,
sustenta o empenho pela paz. Sem a
referência a Deus, que é inseparavelmente verdade e amor, a humanidade
fica empobrecida e frustrada.
O papa Bento 16 exorta os cristãos a
voltar o olhar para o Divino Mestre,
que se declara a Verdade em pessoa.
Os discípulos são chamados a confiar
em Cristo e "cultivar relações fecundas e sinceras, a percorrer caminhos
do perdão e da reconciliação, a ser
transparentes e fiéis nas conversas e à
palavra dada".
Diante do ideal de uma humanidade
que promova a paz, os cristãos devem
se unir numa ampla colaboração ecumênica e com as outras religiões e todas as pessoas de boa vontade.
A esse respeito, o papa Bento 16, dirigindo-se, na véspera de Natal, aos
peregrinos na praça de São Pedro, revelou mais uma vez a beleza da infinita misericórdia divina, mostrando que
os que, seguindo a própria consciência, colocam-se a serviço da paz, mesmo que ainda não tenham o conforto
de conhecerem a Deus, estão no caminho da salvação.
É, no entanto, necessário que ao lado
dos sinais promissores de construção
da paz, identifiquemos graves obstáculos à convivência pacífica da humanidade. Causa temor e insegurança o
perigo das armas nucleares cada vez
mais difundidas. Os governos não deveriam investir na produção de armas,
mas de mútuo acordo promover o
progressivo desarmamento nuclear.
Como conseguir a paz quando países
continuam a se destruir com ataques
recíprocos, acarretando a morte de
tantos inocentes? Diante dos atos terroristas o papa recorda as exortações
de João Paulo 2º, alertando sobre o desespero pela vida que compromete o
futuro da humanidade.
Entre os obstáculos à paz, temos que
identificar as teorias como o niilismo,
que nega a existência de qualquer verdade, e o erro do fanatismo religioso,
que pretende impor a doutrina com a
força, violentando a liberdade de
consciência.
Nossos tempos aguardam palavras
de verdade e paz que alimentem a esperança de um mundo diferente, capaz de reconciliação, respeito e solidariedade. Procuremos todos aprender
o caminho do diálogo na verdade e a
união em promover os valores da justiça e da liberdade.
Nesta semana, comemorando a Sagrada Família, Jesus, Maria e José, pedimos que alcancem em 2006 para todos os lares maior compreensão e sinceridade no amor, na vida conjugal e
familiar.
O empenho coletivo pela paz é indispensável, mas não bastam as forças
humanas. Temos que recorrer a Deus,
pois só Ele nos ajudará a vencer o
ódio, a inveja, os ressentimentos e a
abrir o coração ao perdão, à concórdia
e à alegria de fazer o bem.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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