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PLÍNIO FRAGA
Frescobol com Chico e Caetano
RIO DE JANEIRO - Já houve
quem propusesse a CPI da máfia do
dendê, que apuraria a malversação
caetânica da imprensa brasileira.
Uma revista de grande circulação,
neste ano, num daqueles arroubos
de arrogância que lhe fazem típica,
denunciou como outro mal constante da mídia o buarquismo.
Ninguém nunca tinha levantado
a lebre de jornalista levando propina de bicheiro, mas volta e meia alguém aparece para acusar que o jornalismo brasileiro é condescendente com Chico Buarque e Caetano
Veloso.
Talvez seja, mas, se eles os males
do país são, estará entendida a longevidade das saúvas que o Brasil deveria matar. O buarquismo e o caetanismo são messianismos cancerígenos das idéias culturais? Bobagem, meus filhos, bobagem...
Chico e Caetano são hoje o Fla-Flu das rodinhas de amenidades
culturais. De que lado você está?
Chico Buarque elogiou o novo
disco de Caetano Veloso e disse discordar dele "quase sempre".
"Eu adoro o disco do Caetano. É o
contrário do meu. Não preciso concordar em tudo com o Caetano.
Aliás, discordo quase sempre. Acho
o disco muito forte, muito bom.
Meu disco sem dúvida é mais rebuscado harmonicamente", resumiu preciso.
Num Fla-Flu, a companhia mais
chata é a do idiota da objetividade,
aquele que se preocupa com o placar e não tem o refinamento para
apreciar o passe de trivela. Os discos de Caetano e Chico são maravilhosamente diferentes.
As visões de Brasil de Caetano e
de Chico são por vezes conflitantes.
Mas a disputa entre Caetano e Chico é o Fla-Flu do frescobol -aquele
esporte praiano no qual não há placar e, quanto melhor joga o adversário, melhor é o desempenho do outro.
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