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Confronto vão
FOI ACERTADA a atitude do ministro da Justiça, Tarso
Genro, ao declarar que "não
há nenhuma controvérsia insanável" em torno do texto do Programa Nacional de Direitos Humanos e da chamada "Comissão
da Verdade", destinada a apurar
os casos de tortura e de desaparecimento de presos políticos
durante o regime militar.
É legítima qualquer investigação histórica sobre esse período,
durante o qual crimes foram cometidos pelos dois lados em conflito. Ao mesmo tempo, a Lei da
Anistia afastou definitivamente,
em benefício de uma transição
democrática bem-sucedida, as
tentativas eventuais de reabrir
feridas do passado.
Exatamente nesse sentido -o
de que o pacto pela democracia
não sofre real contestação- é
que cabe classificar como superáveis os pontos do documento
que colocou, nestes dias, os ministros Nelson Jobim, da Defesa,
e Paulo Vannuchi, dos Direitos
Humanos, em rota de colisão.
Sem dúvida, o Programa de Direitos Humanos contém diretrizes que contestam o espírito da
Lei da Anistia -e não há nenhuma vantagem para a democracia
em atiçar ressentimentos que
subsistem em frações residuais
da opinião pública.
Do mesmo modo, não se aceita
que membros do estamento militar se aventuram em atitudes
de contestação à ordem democrática, ou de elogio impróprio
aos atos autoritários do regime
de 1964. De outra ordem, puramente política, são as suscetibilidades corporativas e reações
emocionais que a memória do
período ainda desperta.
Estas, por mais difícil que seja
a alguns setores, podem e devem
ser superadas, como aliás tem
ocorrido, com poucas exceções,
ao longo das últimas décadas. O
passado, com certeza, não deve
ser esquecido -mas que não seja
entrave e fonte de perturbação
para o presente.
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