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Dilma é leniente com a inflação, afirma Aécio

Para tucano, provável rival da petista em 2014, falta autonomia ao Banco Central

Senador mineiro diz ainda que medidas corretas poderiam levar país a crescer acima de 4% ao ano

VALDO CRUZ NATUZA NERY EM SÃO PAULO

Em entrevista à Folha na qual se posiciona com clareza como candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) atacou a política macroeconômica de Dilma Rousseff e acusou a presidente de ser "leniente" com a inflação e de querer "até controlar o lucro de empresários".

O tucano criticou a falta de autonomia do Banco Central para evitar alta nos preços.

"Quando o dragão começa a colocar a cabeça para fora, sabemos que é difícil colocá-lo na caixa de novo", diz.

O senador promete, num eventual governo tucano, fazer o país crescer pelo menos de 4% a 5% ao ano.

A entrevista foi concedida em São Paulo anteontem, onde esteve ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Folha - Qual sua receita para a economia?

Aécio Neves - Essa política nacional-desenvolvimentista, que acha que o Estado tem de ser o indutor do crescimento econômico, não deu certo. O câmbio flutuante, instrumento importante para suavizar impactos da variação externa de preços, já não existe, é um câmbio quase rígido.

Mas esse "câmbio controlado" ajuda a indústria exportadora, que o PT acusa o PSDB de praticamente destruir.

O problema da indústria exportadora se dá pelo custo Brasil, da logística inexistente. O Brasil, que já participou com cerca de 2,2% do comércio externo, hoje caiu para 1%. Se continuar assim, teremos 0,7% em dez anos.

Mas vocês não costumam dizer que o PT seguiu a política econômica tucana.

Desde a saída do [Antonio] Palocci, ex-ministro da Fazenda, os pressupostos macroeconômicos vêm se fragilizando. Há uma leniência do governo com a inflação, a presidente Dilma é leniente com a inflação.

No governo do PSDB, existia tolerância zero com a inflação. O PT nunca foi muito claro nisso, desde que votou contra o Plano Real. Nos dez anos de governo do PT, apenas em três o centro da meta foi alcançado. No governo Dilma, não será em nenhum dos anos. Isso é gravíssimo.

A população que recebe hoje dois salários mínimos e meio já tem inflação de alimentos de 14%. Quando o dragão começa a colocar a cabeça para fora, sabemos que é difícil colocá-lo na caixa de novo.

O sr. defende subir os juros para baixar a inflação?

Defendo que o Banco Central tenha total autonomia para fazer o que considerar necessário. Se avaliar que é preciso subir juros para conter a inflação que ele mesmo diz ser preocupante, então tem de subir os juros. O que não pode é haver interferência política, de viés eleitoral.

Subir juros gera desemprego, como receitam economistas críticos do governo Dilma?

Acho que é possível controlar a inflação sem riscos maiores de desemprego. O Brasil tem gerado empregos, mas de baixa qualidade.

Mas se acordasse hoje presidente da República e tivesse de tomar uma decisão entre controlar a inflação, mesmo que tivesse de diminuir o emprego, o que faria?

Ninguém vai tomar medida para aumentar o desemprego. É possível ser intolerante com a inflação sem gerar desemprego, garantindo competitividade ao Brasil, fazendo investimentos corretos.

O PT acusa o governo FHC de ser campeão dos juros altos.

São períodos diferentes, enfrentamos crises internacionais seguidas. A agenda prioritária era o controle da inflação.

O sr. diz que o empresariado reclama da presidente...

A presidente quer controlar até o lucro dos empresários. Eles têm de acompanhar é a qualidade do serviço e o que isso representa de bem-estar da população. É natural, no capitalismo, goste ou não dele, que o lucro seja compatível ao risco do investimento.

Mas eles acusam o PSDB de desmontar o Estado e fazer privatização sem controle, com lucro elevado ao empresariado.

Olha, demoraram quase dez anos para fazer concessões ao setor privado. Fizeram isso lá atrás com uma visão equivocada, que deveriam ter a menor tarifa, no caso das concessões rodoviárias. Tudo bem, belo conceito, mas trágico para o Brasil. Resultado: as obras não foram feitas.

O PT diz que o governo tucano acabou com a capacidade de gerenciamento do Estado...

A lógica deles é criar uma nova estatal, é a quinta neste governo. Você sabe que, quando o governo FHC terminou, havia no âmbito na Presidência, um dado que mostra um pouco a lógica do PT, 1.200 cargos comissionados. Hoje são mais de 4.000. Isso é ilógico, é irracional.

A dona de casa viu o governo anunciar luz mais barata e o sr. defender a Cemig. Não ficou do lado errado?

Não, nós também defendemos a diminuição das tarifas. Propusemos uma redução até maior, mais 6%, com diminuição do PIS/Cofins nas contas de luz. O governo do PT, com um populismo enorme, fez disso uma moeda eleitoral. Dilma fez uma intervenção no setor e viu que foi equivocada. Hoje, todas as distribuidoras [de energia] estão pedindo financiamentos ao governo e vão receber dinheiro do Tesouro, o dinheiro da dona Maria, que tinha de ir para saúde, educação.

Quanto a economia no governo tucano pode crescer?

Eu vou ousar, repetindo o que disse outro dia o ex-presidente do BC Armínio Fraga. No governo do PSDB, com as medidas que deveriam ser tomadas rapidamente, o Brasil pode crescer acima de 4%, 5% de forma sustentada.


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