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Após quase 1 ano, Comissão da Verdade é alvo de críticas

Membros do grupo temem frustração com resultado final das investigações

Segundo essas análises, desafio de reconstituir fatos de décadas atrás foi ampliado por erros conceituais e de gestão

JOÃO CARLOS MAGALHÃES MATHEUS LEITÃO DE BRASÍLIA

A Comissão Nacional da Verdade aproxima-se da metade do seu prazo de funcionamento sem ter revelado nenhuma novidade relevante sobre a ditadura militar (1964-1985) e sob dúvidas se vai detalhar todas as violações aos direitos humanos no regime.

Ouvidos pela Folha sob condição de anonimato, integrantes da própria comissão, da cúpula do governo e de comitês da sociedade civil se dizem céticos.

Para eles, a comissão, que encerra os trabalhos em maio de 2014, talvez esclareça só alguns casos, sem resolver a principal incógnita: quem, e a mando de que oficial, foi responsável por cada uma das mortes, torturas e desaparecimentos --devido à Lei da Anistia, não pode haver punição a essas pessoas.

A reconstituição de fatos ocorridos há décadas foi dificultado por erros conceituais e de gestão, dizem os críticos.

Eles acham, por exemplo, que o grupo errou ao adotar uma coordenação rotativa, o que faz as determinações mudarem de acordo com as convicções do chefe da vez --antes do atual, Paulo Sérgio Pinheiro, ocuparam a função Gilson Dipp e Claudio Fonteles.

Outro problema apontado é que o grupo ainda não aproveitou o que o próprio governo já produziu sobre a ditadura, como papéis da Comissão da Anistia usados até aqui apenas pontualmente.

O caso de maior evidência até agora, o do deputado Rubens Paiva, ganhou força por novidades surgidas a partir de documentos entregues à polícia do Rio Grande do Sul e revelados pela imprensa.

O Estado já reconheceu responsabilidade pela morte de Rubens Paiva, mas os culpados e o que ocorreu com o corpo ainda são um mistério.

Não houve avanço em outros grandes casos, como a Guerrilha do Araguaia o atentado no Riocentro.

Mas o ponto mais polêmico internamente é a divulgação dos trabalhos. Por enquanto, vence a maioria, encabeçada por Pinheiro, para quem a comissão deveria trabalhar em silêncio e apresentar um relatório com suas conclusões daqui a um ano.

De outro lado estão Fonteles e Rosa Cardoso, para quem o grupo também deveria produzir ampla discussão pública sobre a ditadura.

Além disso, membros do grupo afirmam que os trabalhos são prejudicados pelas ausências de Dipp, doente há meses, e pela falta de dedicação dos sete integrantes. Dizem, por exemplo, que José Paulo Cavalcanti não estaria comprometido com a comissão. Ele nega.


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