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Fazenda diz que PAC não acelerou o país em 2011

Secretário Nelson Barbosa admite que investimentos ficaram estáveis

No Itamaraty, ministra Miriam Belchior havia dito que programa 'tem sido determinante' para o crescimento do país

DIMMI AMORA
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não contribuíram para a aceleração do crescimento econômico neste ano, segundo Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

A avaliação foi feita em cerimônia oficial que procurava transmitir justamente a imagem oposta: o segundo balanço oficial do PAC 2, a etapa do programa iniciada no governo Dilma Rousseff.

No comando da apresentação, a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, exibiu o tradicional rosário de cifras, gráficos e vídeos publicitários destinados a enaltecer os resultados obtidos.

O PAC 2 "tem sido determinante para a continuidade do crescimento sustentável da economia brasileira", começava o calhamaço de 180 páginas distribuído aos presentes no Palácio Itamaraty.

"Em 2011, o PAC 2 também alcançou volume de pagamento do Orçamento Geral da União 22% superior em comparação com o mesmo período de 2010, ano de melhor desempenho do programa", afirmava o material.

Ao lado da ministra, Barbosa, número dois na hierarquia da Fazenda, contou uma história diferente. "Houve vários ajustes e reprogramações nos programas do governo, no PAC, no Minha Casa, Minha Vida, e essas reprogramações proporcionaram investimento relativamente estável em relação a 2010."

Questionado por jornalistas, foi mais explícito: "A manutenção do investimento do PAC no mesmo nível do ano passado significa que o PAC neste ano não contribuiu para acelerar o crescimento".

Como a Folha noticiou na semana passada, os investimentos do PAC com recursos do Orçamento caíram 14% nos primeiros dez meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2010.

Foi a primeira queda contabilizada pelo programa, lançado em 2007 para reunir as obras prioritárias do governo e um dos pilares da candidatura de Dilma ao Planalto.

Trata-se de uma consequência do ajuste fiscal promovido no início do ano para conter a inflação, que sacrificou basicamente os investimentos federais.

O ajuste, somado a medidas como a alta dos juros e restrições ao crédito, contribuiu para a desaceleração da economia. Barbosa previu crescimento perto de zero no terceiro trimestre. Dados apurados pelo Banco Central indicam uma queda de 0,32%.

A recuperação, disse o secretário, começará neste final de ano e permitirá crescimento entre 4% e 5% em 2012 -o mercado prevê 3,5%.

Para edulcorar os números, o balanço do PAC 2 incluiu, entre os desembolsos com recursos orçamentários, gastos do programa Minha Casa, Minha Vida, que não são investimentos e antes eram contabilizados à parte.

Houve outros expedientes para engordar as cifras, já utilizados em balanços anteriores, como a contabilização de financiamentos para a aquisição de imóveis usados, sem impacto na economia.

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