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Revólver usado para matar PC sumiu em Fórum, diz promotor
Informação sobre desaparecimento da arma e de exames periciais foi dada ontem, no meio do júri de ex-seguranças
Descoberta ocorreu quando perito solicitou o revólver para fazer uma demonstração; 'É surreal', diz advogado
A arma que matou Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor em 1989, e sua namorada, Suzana Marcolino, sumiu do Fórum de Maceió, segundo o promotor que atua no caso.
A afirmação foi feita ontem, depois que um perito pediu a arma para uma demonstração durante o julgamento de quatro réus acusados de envolvimento no caso e recebeu um revólver semelhante.
PC, morto com Suzana em 1996, foi o operador do esquema de corrupção que culminou no impeachment do ex-presidente, em 1992.
O promotor Marcos Mousinho disse que a arma do crime desapareceu durante a reforma do fórum, entre 2008 e 2010. "Sumiram também com os algodões que foram usados no exame residuográfico nas mãos das vítimas", afirmou.
Segundo o promotor, o prejuízo causado pelo sumiço da arma não é tão grande, porque a simulação pôde ser feita com um revólver similar.
Mousinho afirmou, porém, que houve "perda total" do material coletado das mãos do casal. "Não dá para reexaminar esse material", disse.
A hipótese de sumiço da arma surpreendeu a defesa dos réus. "É surreal", disse o advogado José Antônio Fragoso.
A secretária da Corregedoria do TJ disse que não poderia verificar ontem se a arma havia sido perdida e que o órgão abrirá apuração interna se o sumiço for confirmado.
O juiz Maurício Breda disse não ser possível afirmar que a arma sumiu, pois não foi informado sobre isso, e que o revólver passou pelas perícias necessárias. A apuração tem prazo de 48 horas.
PRIMEIRO LAUDO
Peritos que elaboraram o segundo laudo da morte de PC e Suzana apontaram falhas no primeiro documento, elaborado por peritos de Alagoas e por equipe do legista Badan Palhares, que na época era da Unicamp.
"Não existem provas de que a Suzana atirou contra o PC. Não existem provas de que ela se suicidou", afirmou o médico legista Daniel Muñoz, da USP, que comandou a equipe responsável pelo segundo laudo, em 1997.
Para esse grupo, houve um duplo homicídio. A perícia feita em 1996 concluiu que Suzana matou o namorado e depois se matou.
Em 1999, a Folha publicou fotos que comprovaram que Suzana tinha no máximo 1,57 m, enquanto Palhares considerava 1,67 m, embora não tenha registrado isso no laudo. A altura dela é importante para determinar a trajetória da bala. Anteontem, Badan defendeu a estatura informada.
Para os peritos do segundo laudo, não há elementos que provem que Suzana atirou. "A ausência de resíduos metálicos, a ausência de sangue na arma, a ausência de sangue na mão dela são provas de que ela não empunhou a arma", disse o perito Domingos Tochetto, integrante do segundo grupo.