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Antecipação total do Bolsa Família só ocorreu uma vez na gestão Dilma
Informação de ministério destoa de 1ª versão da Caixa, que apontava mudança como algo comum
Liberação atípica de saques é investigada pela PF como uma das explicações para origem dos boatos de maio
A antecipação de todo o calendário de pagamento do Bolsa Família no mês passado, na véspera dos boatos que causaram tumultos em 13 Estados, foi a única decisão desse tipo que a Caixa Econômica Federal tomou no governo Dilma Rousseff.
Ao menos desde 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa, não houve nenhuma outra mudança nacional no calendário.
O dado destoa de afirmações dadas até então pelo banco para justificar a mudança sem aviso prévio. A Caixa, num primeiro momento, disse que esse tipo de medida já havia sido adotado antes, entre outras situações, para aperfeiçoar o sistema, sem registro de incidentes.
Ontem, o banco mudou a versão e disse que essas situações podem ensejar a antecipação, mas não necessariamente ocorreram.
Tanto a Caixa quanto o ministério não informaram se houve antecipações semelhantes no governo Lula.
O pagamento antecipado de todo o Bolsa Família é hoje a principal linha de investigação da Polícia Federal sobre a origem dos boatos sobre o fim do programa. À época, a Caixa informou que a mudança havia ocorrido só após a corrida aos caixas eletrônicos, com o objetivo de evitar novos transtornos.
Dias depois, confrontada com reportagem da Folha que revelou a antecipação do pagamento na véspera do boato, a Caixa voltou atrás, reconhecendo ter liberado R$ 2 bilhões de uma só vez nas contas de 13,8 milhões de famílias em todo o país.
O calendário do Bolsa Família obedece a uma divisão escalonada do pagamento.
Os tumultos do mês passado levaram integrantes do governo e do PT a culparem a oposição. Sem indicar responsáveis, Dilma chamou de "criminoso" o responsável por espalhar a falsa notícia.
A revelação de que a informação inicial da Caixa não era correta fez a oposição pressionar a PF para acelerar a investigação, além de cobrar desculpas de Dilma.