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Analistas veem inflação menor no próximo ano

Novo cálculo de índice de preços faz economistas reverem projeções

Mudança aproxima expectativa do mercado do cenário traçado pelo BC e abre espaço para novos cortes de juros

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Bancos e consultorias reviram para baixo ontem suas projeções para a inflação do ano que vem, aproximando suas estimativas do cenário traçado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

A revisão ocorreu por causa de uma mudança anunciada pelo IBGE no cálculo do principal índice de preços do país, o IPCA, que será atualizado para refletir os novos hábitos de consumo da população brasileira.

As novas projeções ajudam a conter as expectativas do mercado de que a inflação continuará muito alta no próximo ano, abrindo mais espaço para que o BC siga reduzindo os juros e tentando estimular a economia.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC deve anunciar hoje mais um corte da taxa básica de juros da economia, hoje de 11,5% ao ano. A aposta da maioria dos analistas é que ela será reduzida para 11%.

O novo cálculo do IPCA dá importância a itens que estão com preços em queda neste momento, como automóveis e eletrodomésticos, e reduz o peso de itens que estavam em aceleração, como os serviços domésticos, a educação e a alimentação.

"Em média caiu mais o peso dos produtos que estavam subindo mais", afirma a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander, que revisou sua expectativa para a inflação de 2012 de 6% para 5,5%.

O BC começou a reduzir a taxa básica de juros em agosto, prevendo uma piora da crise internacional. A decisão foi criticada por analistas, que argumentavam que a inflação brasileira ainda estava elevada.

O BC começou a trabalhar para atenuar o impacto da crise externa, evitando que a economia esfrie demais e apostando que a desaceleração da atividade econômica ajudará a segurar os preços mesmo com juros em queda.

O IBC-Br, um índice calculado pelo BC que procura estimar a evolução do PIB (Produto Interno Bruto), sugere que a economia brasileira sofreu uma contração de 0,3% no terceiro trimestre deste ano, e alguns economistas preveem que o crescimento do PIB no quatro trimestre será próximo de zero.

De oito instituições consultadas pela Folha ontem, metade informou ter revisto para baixo suas projeções para a inflação em 2012 por causa da mudança do cálculo do IPCA. Outras três disseram que poderão fazer o mesmo nos próximos dias.

A meta estabelecida pelo governo para a inflação deste e do próximo ano é de 4,5%, com tolerância até 6,5%. O Banco Central admite que a inflação deste ano deverá ficar próxima do teto da meta, mas promete que ela chegará mais perto de 4,5% no ano que vem.

A consultoria LCA está revendo sua projeção, mas já baixou a previsão para o IPCA de 5,24% para 4,88%.

Segundo o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, as expectativas dos analistas incorporavam certo recuo da inflação com a mudança do cálculo da inflação. Mas o resultado acabou sendo um pouco maior.

"A revisão das expectativas abre espaço para o BC continuar o corte dos juros mesmo com a inflação acima do centro da meta", afirma o economista Thiago Curado, da consultoria Tendências.

Para o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, essa mudança não indica que a inflação seja um problema resolvido. "A inflação não deve chegar à meta de 4,5% apenas com isso", afirmou.

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