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O papa no Brasil

Francisco encoraja luta contra a corrupção

'Nunca desanimem' diante de 'injustiças' e desvios, afirma papa em discurso para jovens de comunidade pobre no Rio

Em favela controlada por forças policiais, pontífice diz que não haverá 'pacificação' se desigualdade continuar

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Num discurso de forte conteúdo social e recheado de mensagens políticas, o papa Francisco encorajou ontem os jovens a lutar contra a corrupção e as injustiças sociais.

Visitando a favela Varginha, no Rio, que no início do ano passou a ser controlada pelas forças de segurança, o pontífice disse que nenhuma "pacificação" pode ser duradoura se as desigualdades sociais não forem corrigidas.

"Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício", disse o papa.

A fala destoou do tom pastoral que marcou seus sermões e pronunciamentos desde que chegou ao país, na segunda-feira. Até então, ele havia se limitado a tratar das questões da fé católica, sem tangenciar temas que dizem respeito ao ambiente político do Brasil nas semanas que precederam a Jornada Mundial da Juventude.

"Nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem."O discurso do papa foi interpretado como uma alusão à onda de protestos iniciada no país em junho.

O papa foi mais direto ao criticar políticas de combate à violência que não são acompanhadas de ações efetivas contra a desigualdade social.

"Nenhum esforço de pacificação' será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma."

Varginha é uma das favelas do Complexo de Manguinhos, um dos mais pobres e violentos da cidade. Em janeiro, ela ganhou uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Lá havia uma das maiores cracolândias do Rio.

O papa exortou ainda em seu discurso ricos e dirigentes políticos a saber "dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais".

Duro com os ricos e as classes dirigentes, Francisco elogiou a disposição de "colocar mais água no feijão" dos moradores da Varginha.

"Vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode colocar mais água no feijão'! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!"

Mas, num improviso ao ler seu discurso, também fez uma breve advertência contra o consumo de álcool.

"Queria bater em cada porta, dizer bom dia', pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho, e não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um."


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