Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Gays precisam ser integrados à sociedade, afirma Francisco

'Quem sou eu para julgar?', diz papa em entrevista no voo após visita ao Brasil

Pergunta sobre aborto é evitada com alegação de que a posição da igreja sobre o assunto já é conhecida dos jovens

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Na mais ousada declaração de um pontífice sobre homossexualidade, o papa Francisco disse que os gays "não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade".

"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", disse aos quase 70 jornalistas que embarcaram para Roma com ele. As declarações foram em resposta a revelações de que um assessor seria homossexual e a uma frase atribuída a ele de que havia um "lobby gay" no Vaticano.

O papa também elogiou a Renovação Carismática e disse que nem todos na Cúria são santos. Aos 76 anos, Francisco respondeu às perguntas de pé por quase 90 minutos.

-

Banco do Vaticano
O primeiro é o problema do IOR [Instituto para Obras da Religião], como encaminhá-lo, como reformá-lo. Não sei como o IOR vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso.

O presidente do IOR permanece, o tesoureiro também, e o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. Seja o que for, tem de ter transparência e honestidade.

Frugalidade e escândalos
Fico na [casa de] Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho no Palácio [Apostólico]. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas não posso viver sozinho. Preciso de gente. Quando me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade, eu respondi: "Não, por motivos psiquiátricos". Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Têm apartamentos pequenos. São austeros.

A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos a serviço da igreja. Existem santos na Cúria. Também existem alguns que não são muito santos. E são estes que fazem mais barulho. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos.

Aborto
A igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Não era necessário voltar a isso. Também não falei sobre o roubo, a mentira. Para isso a igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Os jovens sabem perfeitamente a posição da igreja.

Renovação Carismática
Nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Agora vejo que esse movimento faz muito bem à igreja.

Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano na catedral. Vi o bem que eles faziam. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.

Ordenação de mulheres
Sobre a participação das mulheres, ela não se pode limitar a alguns cargos: a catequista, a presidente da Cáritas. Deve ser mais, muito mais.

Sobre a ordenação, a igreja já falou e disse que não. João Paulo 2° disse com uma formulação definitiva: essa porta está fechada. Nossa Senhora é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte especificação teológica.

Divórcio
A igreja é mãe. Ela não se cansa de perdoar. Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela Pastoral do Matrimônio. Estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. A questão da anulação do casamento deve ser revisada.

Lobby gay
Sobre o monsenhor [Battista] Ricca [novo diretor do Banco do Vaticano, acusado de ter mantido relacionamento homossexual], fiz o que o direito canônico manda fazer: a investigação prévia. E não tem nada do que o acusam.

Devemos distinguir o fato de que uma pessoa é gay de formar um lobby gay, porque nem todos os lobbies são bons. Isso é que é ruim. Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?

O catecismo da Igreja Católica diz que não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página